O embate entre a comunidade jukun, de maioria cristã, e os muçulmanos, de minoria fulani, ocorreu durante o funeral de um líder tradicional da tribo jukun.
Jukun é um grupo étnico, cuja maioria dos habitantes vive em Wukari e outras partes do Estado de Taraba. Muitos são cristãos, poucos são animistas* e alguns são muçulmanos. Os nômades fulani, predominantemente muçulmanos, migraram para Wukari ao longo dos anos.
De acordo com a tradição jukun, os corpos de chefes de alto escalão devem ser carregados pela cidade antes do enterro. Nesse caso específico, quando o cortejo fúnebre chegou a uma área predominantemente fulani da cidade antiga, jovens bloquearam a estrada e disseram que nenhum "arne" (infiél, no dialeto hauçá) poderia passar por aquela parte da cidade, alegando que o cortejo estava atrapalhando as orações da sexta-feira. Essa situação rapidamente evoluiu para a violência.
A organização Christian Solidarity Worldwide (CSW) informou que, enquanto a polícia alega que houve 39 mortes, os habitantes insistem que a cifra é muito maior, com mais 30 feridos.
A CSW afirmou ainda que cerca de 70 casas e lojas foram destruídas em levantes contra veículos e outros bens e que fontes locais estimam que o custo total dos danos ultrapassa seis milhões de dólares, embora isto não possa ser verificado com exatidão, até o momento.
Funcionários do governo confirmaram, por telefone, que a cidade está tomada pela violência, similar em escala a um surto ocorrido em fevereiro deste ano, quando uma contenda entre jovens muçulmanos e cristãos custou a vida de 40 pessoas e deixou 400 desalojadas.
"O toque de recolher de 24 horas ainda está em vigor e todos os moradores estão dentro de casa. Policiais e soldados estão patrulhando as ruas para manter a lei e a ordem", disse Joseph Kwaji, porta-voz da polícia, aos repórteres, dois dias após o funeral.
Um ex-senador cristão de Wukari, Danlami Ikenya, disse que o embate foi infeliz, considerando-se que os moradores da cidade viviam em paz há anos, a despeito de suas diferenças étnicas e afiliações religiosas.
"Há um lugar para se sepultar líderes tradicionais, onde sempre foram sepultados no passado", disse Danlami. "Não entendo por que um funeral deveria resultar em um conflito entre cristãos e muçulmanos. A questão em jogo é provavelmente maior do que diferenças religiosas que aparentemente acionaram o conflito".
O general nigeriano aposentado Adamu Tubase Ibrahim, um líder muçulmano, também expressou surpresa sobre o incidente, observando que muitos inocentes foram mortos no ataque que, segundo ele, deveria ter sido resolvido amigavelmente.
"O que aconteceu é uma infelicidade. Os grupos beligerantes deveriam depor suas armas e permitir que a paz reinasse", disse Adamu. "Entretanto, é necessário que o governo investigue apropriadamente qual é o verdadeiro problema".
*Animista: modalidade religiosa que implanta espíritos em toda a natureza, sendo esses espíritos semelhantes ao espírito do homem. Na antiguidade, e ainda hoje em grupos indígenas e isolados, é comum atribuir características animistas a elementos da natureza como "o deus sol," ou "o deus do céu", ou seja, a personificação antropomórfica de elementos e fenômenos naturais.
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