Muitos dos católicos indianos, que vão se reunir para celebrar o nascimento de Jesus, carregam cicatrizes físicas ou emocionais causadas pelos ataques de extremistas hindus ao longo do ano.
Muitos dos incidentes de violência contra católicos e protestantes não foram registrados, já que a polícia quase sempre se recusava a anotar as queixas das vítimas. Mesmo assim, até junho passado, organizações cristãs contaram 200 ataques. Esperava-se que esse número dobrasse até o fim do ano. Os católicos, que compõem 29 por cento dos cristãos da Índia, eram geralmente o alvo dessa violência.
"Neste ano, os extremistas hindus espancaram nossos padres, atacaram nossas freiras, quebraram cruzes e urinaram em recipientes sagrados", disse John Dayal, presidente da União Católica Toda a Índia. "Esses atos de profanação mostram a verdadeira natureza dos agressores".
Os ataques foram registrados em Haryana, Rajasthan, Gujarat, Punjab, Uttar Pradesh e em todos os estados tribais do centro da Índia.
A profanação de objetos religiosos é comum nesses ataques. A polícia, entretanto, quase sempre ignora os aspectos religiosos de uma queixa por causa das implicações legais.
"A lei indiana especifica medidas contra ações que espalham discórdia entre as comunidades", John explicou. "Também temos leis contra a violência dirigida a um grupo religioso ou a uma minoria em especial. Ainda há outras leis se as vítimas forem dalits".
Em vários casos de violência motivados pela religião, a polícia se recusou a abrir um boletim de ocorrência, deixando as vítimas sem meios legais de continuar suas queixas. Em outros casos, a profanação de objetos religiosos é considerada apenas um delito leve ou um furto.
Rajasthan tem o maior número de incidentes. Em fevereiro, esse Estado anunciou planos de adotar leis de anticonversão, como aquelas que estão em vigor em Orissa, Madhya Pradesh, Chattisgarh e Arunachal Pradesh.
O estado de Gujarat aprovou uma lei similar em maio de 2003, mas ela ainda não entrou em vigor.
O reverendo Babu Joseph, diretor de comunicações e porta-voz da Conferência de Bispos Católicos da Índia, disse ao Compass que o número total de incidentes violentos diminuiu durante o ano passado.
"Isso se deve parcialmente por causa da mudança de governo em 2004 e sua política de inclusão... que deu um maior senso de segurança àqueles que eram hostilizados", Babu afirmou.
Outros líderes cristãos rejeitam as afirmações de Babu sobre a diminuição da violência religiosa. Mas é ponto pacífico que a violência anticristã veio à tona depois que o partido pró-hindu Bharatiya Janata Party (BJP) venceu as eleições federais em 1998.
Babu admitiu que a situação está longe de ser a ideal, declarando: "Como porta-voz da Conferência de Bispos Católicos da Índia, espero ardentemente que o novo ano traga uma mudança positiva no cenário social da Índia, para que as pessoas de todas as religiões, culturas e castas possam encontrar um lugar digno para viver e se desenvolver como cidadãos iguais em nossa amada Índia".
Quanto a John Dayal, ele fez um apelo para que todos os grupos de igrejas trabalhem juntos para combater a violência.
"Não devemos acusar uns aos outros por atrair a violência de grupos extremistas", ele disse ao Compass. "Em vez disso, devemos ensinar nossas comunidades, tanto católicas como protestantes, a serem mais sensíveis culturalmente e a exercer o senso comum".
Mas, já que o ataque aconteceu, ele disse, devemos reconhecê-lo como um crime que deve ser denunciado e punido.
O ataque mais recente aconteceu no dia 12 de dezembro, quando extremistas cristãos em Raipur obrigaram mais de 40 famílias católicas a se converterem ao hinduísmo. Os aldeãos foram ameaçados com a perda de emprego e dos benefícios sociais para dalits caso se recusassem.
Alguns casos de perseguição de igrejas ou indivíduos católicos em 2005:
* Em Assam, dia 2 de setembro: agressores armados assassinaram Nellickal, vigário geral da diocese de Tejpur, no terreno da igreja.
* Em Déli, dia 23 de maio: vândalos incendiaram a igreja Santa Maria em Sabhapur. Eles incendiaram os arquivos do escritório do diretor e destruíram 200 livros de textos e mil diários para estudantes. "Não sobrou nada nas salas, só as mesas", disse uma freira tribal que lecionava na escola.
* No estado de Jharkhand, dia 13 de setembro: um padre católico identificado apenas como Padre Agnos, foi assassinado durante uma manifestação pacífica pelos direitos tribais. Uma multidão de 40 extremistas hindus, armada com facas, flechas e espadas, perturbou o protesto e tentou dispersar os 3,5 mil manifestantes. O padre Agnos foi esfaqueado nas costas e morreu de hemorragia.
* No estado de Kerala, dia 17 de outubro: quatro homens não-identificados, armados com pedaços de pau, atacaram a casa do bispo Vincent Samuel em Neyyatinkara. Os assaltantes destruíram as janelas e estavam a ponto de invadir a casa quando uma patrulha de polícia chegou. Um segurança foi ferido no ataque, e três veículos foram danificados.
* Em Maharashtra, dia 23 de janeiro: extremistas atacaram o Convento das Carmelitas Teresinas, que dirigia um asilo no subúrbio de Mumbai. A porta e a cruz foram estraçalhadas. Panfletos deixados pelos assaltantes diziam para as freiras: "Fujam - ou voltaremos mais tarde. Esse país é nosso. Agora foi a cruz, da próxima vez serão as cabeças de vocês".
* Em Manipur, 19 de abril: uma multidão de 200 extremistas, armada com paus e tochas, incendiou uma igreja católica na vila de Lamding.
* Em Rajasthan, dia 9 de junho: uma multidão de extremistas invadiu dois conventos católicos; dia 11 de junho outro grupo atacou um terceiro convento e fizeram as freiras de reféns durante a noite toda; no dia 12 de junho, extremistas invadiram a Igreja Santíssima Trindade em Jaipur, capital de Rajasthan, e atiraram ovos podres e água tingida de azul em um santuário dedicado ao menino Jesus.
* No mesmo Estado, dia 16 de outubro: os membros de um grupo extremista hindu, o Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), acusaram os católicos de realizarem uma procissão com o objetivo de fazer conversões forçadas entre os povos tribais do distrito de Udaipur. Atiraram pedras no carro do bispo Joseph Pathalil enquanto ele ia embora da procissão, mas o bispo escapou ileso.
* Também em Udaipur, dia 25 de outubro: 25 freiras em um ponto de ônibus foram espancadas com pedaços de pau.
* Em Bengal Oeste, dia 12 de fevereiro: a polícia prendeu o padre Luciano Colussi, de 81 anos. Não foram dadas explicações sobre sua prisão.
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