O presidente Donald Trump ordenou uma retirada “rápida” das tropas dos Estados Unidos na Síria e afirmou que a organização terrorista Estado Islâmico foi derrotada. Mas há avaliações que sugerem que a decisão tomada pode ter sido precipitada.
“Nós estivemos lutando por um longo período na Síria […] e nós vencemos contra o Estado Islâmico […] Recuperamos o território e agora é hora de nossas tropas voltarem para casa”, afirmou Trump em um vídeo compartilhado por ele no Twitter.
De acordo com informações do portal The Christian Post, atualmente cerca de duas mil tropas dos Estados Unidos estão na Síria, a maioria em missão de treinamento e aconselhamento para apoiar as forças locais que lutam contra o Estado Islâmico.
Porém, há quem acredite que a saída dos EUA do território sírio permita aos extremistas sobreviventes se reorganizarem e voltarem a lutar por espaço no país. Lideranças cristãs na área temem que jihadistas escondidos na Turquia e nordeste da própria Síria retomem suas atividades.
“O Estado Islâmico não está derrotado”, disse Johannes de Jong, diretor da Sallux, uma associação sediada na Holanda que serve como base política para o Movimento Político Cristão Europeu. “[A retirada dos EUA] significa basicamente que a comunidade cristã do nordeste da Síria será sacrificada pelos jihadistas. Se isso acontecer, é o fim de dez mil cristãos no nordeste da Síria”, analisou.
De Jong afirmou ainda que há uma preocupação de que uma ofensiva do Estado Islâmico possa ter como alvo a região nordeste da Síria, onde cristãos assírios, curdos, árabes, turcomanos e outros grupos coexistem pacificamente.
Recuo
A movimentação feita por Trump não foi completamente compreendida pela comunidade internacional, que especula que o presidente norte-americano esteja evitando mais um conflito com a Turquia, comandada por Recep Tayyip Erdogan. Os dois países estiveram na mesa de negociações recentemente para a libertação do pastor Andrew Brunson.
Paralelamente a isso, Erdogan fez ameaças de ataque contra curdos nas áreas controladas pelos EUA no nordeste da Síria recentemente. “A primeira coisa que os cristãos ou o nordeste da Síria irão ver quando Trump se retirar de lá, é um bando de jihadistas vindo para eles”, lamentou De Jong.
“Não consideramos que estas ameaças sejam apenas contra os curdos. É uma ameaça contra este projeto democrático, e todas as pessoas que vivem a leste do Eufrates, incluindo os cristãos”, disse Sanharib Barsoum, chefe adjunto do Partido da União Siríaca, em entrevista ao Kurdistan 24. “Tememos nos tornar vítimas de novas guerras iniciadas por Erdogan. O objetivo de Erdogan é implementar seu projeto radical, para substituir o projeto democrático”, finalizou.
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