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Três mulheres presas por evangelizar crianças

Um conselho muçulmano acusou três mulheres indonésias de tentar converter crianças muçulmanas. Rebekka Zakaria, Eti Pangesti e Ratna Bangun foram presas no dia 13 de maio e levadas à Prisão Estadual de Inframayu, onde aguardam julgamento.

Zakaria é a pastora da Igreja Kristen Kemah Daud (GKKD), ou Igreja do Campo de Davi, localizada na cidade de Harguelis, bairro de Indramayu, a oeste de Java.

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Em 2003, uma escola primária perto de Babakan Jati entrou em contato com a equipe da igreja e pediu para que estabelecessem um programa educacional cristão.

Depois que o orçamento do Sistema Nacional de Educação entrou em vigor em junho em 2003, todas as escolas públicas foram obrigadas a fornecer educação religiosa para as crianças de minorias religiosas.

A escola em Babakan Jati não tinha motivos para passar educação cristã e, portanto, pediu à GKKD para providenciar os professores e um programa apropriado. Os estudantes cristãos seriam avaliados no final de cada semestre e receberiam as devidas notas.

As mulheres da GKKD estabeleceram um programa com o nome "Domingo Feliz", com músicas cristãs, jogos e estudo bíblico para as crianças. Bangun e Pangesti eram as responsáveis pelo programa que tinha a coordenação da pastora Zakaria.

Depois de durar aproximadamente dezoito meses, o número de crianças que freqüentavam esse programa tinha crescido para quarenta - mas somente dez delas eram de lares cristãos.

As crianças muçulmanas freqüentavam o programa popular com o total consentimento de seus pais. Alguns deles até mesmo começaram a cantar as músicas cristãs na escola e em suas casas, e isso acabou atraindo a atenção dos muçulmanos mais velhos que, em dezembro do ano passado, forçaram a igreja a fechar.

No dia vinte e seis de maio, eles organizaram um passeio de páscoa até Taman Mini Indonésia Indah, um parque de diversões em Jakarta. Cada uma das crianças participantes tinha uma camiseta com o nome da igreja e com a estrela de Davi, para que os professores pudessem identificá-las de perto.

As crianças também receberam presentes em certas ocasiões. Por exemplo, na época de Natal cada criança recebeu uma mochila.

Durante o passeio, uma das crianças pediu e recebeu uma Bíblia de uma das professoras.

Como conseqüência, líderes islâmicos abordaram a equipe da igreja e exigiram que as crianças muçulmanas parassem de freqüentar as aulas cristãs. Também foi feita uma reclamação ao Conselho do Distrito de Indramayu Majelis Ulama (MUI). Como resultado disso, o presidente da MUI, K.H. Muzakir Mahmud, registrou uma queixa oficial.

Quando perguntaram às crianças se as mulheres teriam oferecido dinheiro, elas responderam que não. Entretanto todas as crianças disseram ter recebido presentes, sendo que uma delas disse ter recebido uma Bíblia.

Na noite do dia 13 de maio, as três mulheres foram presas e levadas à delegacia para interrogatório. Elas foram acusadas por violarem a Lei de Proteção de Menores. Caso sejam culpadas, serão sentenciadas a até cinco anos de prisão e multadas em cerca de $ 103.600,00.

O pastor Edward Monijong, líder da GKKD baseada em Bandjung, a oeste de Java, imediatamente lançou uma campanha para assegurar a liberação delas. Inicialmente ele contatou o ex-presidente Adburahman Wahid, mais conhecido como Gud Dur, que fez fama com a sua política de tolerância religiosa e agora ocupa a cadeira do grupo islâmico Nadhlatul Ulama (N.U.).

Monijong também escreveu uma carta recorrendo ao presidente da MUI, Mahmud, pedindo para que elas fossem liberadas.

Mahmud, que também é líder da N.U., concordou em retirar o caso.

Entretanto, H. Erik Isnaeni, advogado influente e ativo no Conselho MUI, recusou-se a retirar o caso. Ele também pediu para recusar a fiança, o que significa que elas não tiveram condições de prisão domiciliar para que pudessem tomar conta dos próprios filhos.

Elas foram transferidas para a casa de detenção em Indramayu no dia primeiro de junho, sob "proteção" da Corregedoria Geral, aguardando julgamento. Nenhuma data foi marcada para a primeira audiência.

Uma fonte, que não quis ser identificada, visitou as mulheres na segunda semana de junho. Exceto pelo fato de "dormirem numa cela cheia de mosquitos", todas estavam em bom estado de espírito. Aparentemente muitos visitantes estiveram por lá para demonstrarem apoio.

Bangun pediu para que suas crianças morassem com os avós em Sumatra. Os filhos de Pangesti e de Zakaria também se mudaram para um local mais seguro para evitarem possíveis ataques ou intimidações durante a fase de julgamentos no tribunal.

Uma assistência legal foi providenciada para as mulheres, e seus advogados estão atualmente preparando um julgamento que possa causar impacto no país, que é completamente dividido pelas religiões.

Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/2005/06/noticia1891/


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