O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, pretende criar uma fundação mundial para promover o diálogo entre o cristianismo, o judaísmo e o islamismo quando abandonar definitivamente a política, informou o jornal britânico “The Times” em sua edição do dia 9 de maio.
Blair, que anunciou nesta semana que deixará o cargo de primeiro-ministro no dia 27 de junho próximo, dedicará seus esforços ao projeto inter-religioso, o que deverá ocorrer provavelmente em meados deste ano.
Os planos de Blair, fiel da Igreja Anglicana mas muito próximo da Católica, por influência da sua mulher, Claire Booth, foram confirmados por seus assessores.
A fundação terá sua sede em Londres. Ela é inspirada na que foi criada pelo ex-presidente americano Bill Clinton, e permitirá que ele, aos 54 anos, se dedique a outros temas de grande importância, como o processo de paz do Oriente Médio, a mudança climática e a luta contra a pobreza na África.
Os assessores desmentiram, no entanto, os boatos sobre a intenção de que ele atue como enviado do presidente americano, George W.Bush, no Oriente Médio, ou de suceda Paul Wolfowitz à frente do Banco Mundial.
O projeto que mais parece interessar o líder trabalhista é o de promover a harmonia entre as comunidades religiosas no Oriente Médio e em outras partes do mundo. Como o próprio Reino Unido, onde as tensões com muçulmanos cada vez mais militantes marcaram os últimos anos de seu mandato.
Tony Blair, que se interessava pela leitura do Alcorão antes mesmo dos ataques terroristas de 2001 contra os Estados Unidos, declarou recentemente que “a tragédia” é que “os filhos de Abraão”, cristãos, judeus e muçulmanos, “tenham lutado uns contra os outros durante tanto tempo”.
“Muitos cristãos se surpreenderiam ao saber que o Alcorão venera Jesus como profeta. Muitos judeus, muçulmanos e cristãos ignoram o rico patrimônio que nossas religiões compartilham”, disse o político trabalhista num discurso, em 2006.
Os colaboradores do primeiro-ministro reconhecem que o projeto pode enfrentar a resistência de muitos muçulmanos. Ele atraiu o ódio da comunidade por sua aliança com Bush para invadir o Iraque. Mas o político trabalhista acredita poder apelar aos mais moderados.
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