Uma das linhas de questionamento pode ser focada no relacionamento do Sri Lanka com as minorias religiosas. Em um país dominado por budistas, a minoria cristã (cerca de 7%) e muçulmana (10%) tem reclamado de discriminação e agressões.
Entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados 64 atos de violência contra cristãos, muitos ligados ao grupo extremista budista Bodu Bala Sena, incluindo incêndios criminosos, demolição de igrejas, ataques de multidão e agressões, informou a organização Christian Solidarity Worldwide (CSW).
O ataque à Aliança Evangélica Cristã Nacional do Sri Lanka (NCEASL, sigla em inglês), agora é o ato de número 65. "Pastores têm sido ameaçados, sujeitos à coação e fechamento forçado de igrejas e outras formas de discriminação. E até mesmo alguns cristãos têm sido forçados a renunciar sua fé", contou Yamini Ravindran, da NCEASL, à rede BBC.
Enquanto isso, o governo anunciou planos para introduzir regulamentações contra publicações que "difamem os ensinamentos originais e as tradições das grandes religiões". Embora seja uma medida positiva exteriormente, a legislação tem sido assemelhada às controversas "leis anti-conversão" da vizinha Índia.
O Centro para Alternativas Políticas, um laboratório de ideias sediado em Colombo, disse que as propostas colocariam um "selo de aprovação oficial no deslize do Sri Lanka em direção ao extremismo religioso majoritário e à violência sectária".
Sobre as "leis anti-conversão" da Índia, a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, um órgão consultivo do congresso norte-americano, disse que "embora com a intenção de reduzir conversões forçadas e diminuir a violência popular, os estados com essas leis têm mais incidentes de intimidação, assédio e violência contra as minorias religiosas, especialmente os cristãos, do que os estados que não as têm".
A CSW informou que autoridades do Sri Lanka começaram a pedir às igrejas estabelecidas para provar sua legalidade a fim de terem permissão de continuar funcionando. Durante uma visita ao Sri Lanka, em setembro, a Alto Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que estava "especialmente alarmada com a recente onda de incitamento ao ódio e à violência contra as minorias religiosas, incluindo os ataques a igrejas e mesquitas, e com a falta de ação rápida contra os agressores".
Ela disse que o governo "parecia minimizar essa questão ou até colocar a culpa nas comunidades minoritárias". Navi disse que ouviu relatos "perturbadores" de proteção do Estado a grupos extremistas e instou com o governo para enviar "o sinal mais forte possível de tolerância zero" a tais atos, punindo os agressores.
Entretanto, antes da cúpula de Commonwealth, o ministro de comunicação social disse que o país não seria intimidado. "Somos uma nação soberana. Você acha que alguém pode fazer alguma exigência ao Sri Lanka?", disse Keheliya Rambukwella.
Os Chefes de Estado da Índia, Canadá e Ilhas Maurício declinaram da oportunidade de comparecer à cúpula de 50 países, ocorrida entre 15 e 17 de novembro, que foi aberta pelo Príncipe Charles. O Canadá designou recentemente Adrew Benett como seu primeiro embaixador para liberdade religiosa. O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, disse: "Está claro que o governo do Sri Lanka falhou em sustentar os valores fundamentais de Commonwealth".
Em uma entrevista recente à rede BBC, um pastor do Sri Lanka falou de um ataque à sua igreja. O pastor, que preferiu ficar anônimo, disse que dois monges budistas tinham atacado a igreja, gritando: "Esta é uma nação budista, um vilarejo budista". Ele disse que os monges ameaçaram matar os cristãos e acrescentaram que iriam incendiar a casa do pastor quando voltassem.
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