Três adolescentes, a caminho da escola através de uma plantação de coca, foram decapitadas supostamente por muçulmanos na manhã de sábado, 29 de outubro. Esse foi o relato feito pelos ativistas indonésios de direitos humanos descrito como o último ataque da atual campanha de terror contra os cristãos de Sulawesi Central, Indonésia.
O jornalista indonésio cristão Ibrahim Buaya relatou que Theresia Murangke, 14 anos, Ida Lambuaga e Alfina Yarni Sambue, ambas com 15 anos, foram atacadas a dois quilômetros da vila de Sayo, perto da cidade de Poso. Uma quarta garota, Noviana Malewa, 14 anos, escapou de seus agressores com feridas de facão em seu rosto. Ela está no Hospital Geral de Poso com uma forte guarda.
Duas das cabeças das garotas foram encontradas perto da delegacia, a oito quilômetros dessa vila de Poso. A cabeça da outra foi deixada em frente à Igreja Pentecostal da Indonésia (GPdI) da vila de Kasiguncu, a treze quilômetros do lugar onde os corpos foram encontrados.
A defensora cristã de direitos humanos Ann Buwalda, diretora da Campanha do Jubileu nos Estados Unidos, diz que Sulawesi Central está "rastejando com os campos de treinamento do Laskar Jihad". O grupo militante indonésio de muçulmanos, cujo nome significa "Combatentes da Guerra Santa", matou milhares de pessoas desde 2000 em seus ataques à população cristã nas ilhas Molucas e Sulawesi.
Laskar Jihad está "determinado a exterminar a comunidade cristã nesta região", disse Ibrahim.
A violência anti-Cristã começou em Sulawesi Central em dezembro de 1998. Ela inclui assassinatos, fechamento forçado de igrejas, explosões em ônibus e mercados, e o incêndio de mais de 20 vilas cristãs. Em 19 de junho de 2000, militantes muçulmanos massacraram 211 crentes na Igreja Cristã Evangélica em Halmahera (GMIH). Em agosto de 2003, um motociclista abriu fogo contra seis crianças em frente à Igreja Presbiteriana de Poso; duas crianças foram atingidas, mas sobreviveram.
A província de Sulawesi está localizada a quase dois mil quilômetros ao nordeste de Jacarta, capital da Indonésia, a nação muçulmana mais populosa do mundo. Cada uma de suas 6 mil ilhas habitadas, entretanto, tem uma cultura e atmosfera religiosa distintas. Ann notou que algumas áreas da Indonésia, como Sulawesi Norte, são quase 100 por cento cristãs e livres de violência.
Os congressos de Jacarta, em 2004, e de Sulawesi, em março de 2005, recomendavam que os princípios da sharia fossem introduzidos por meio da revisão da lei criminal da Indonésia. Além disso, conselhos provinciais estão incluindo mais destes princípios em leis locais. Algumas províncias restringiram a liberdade de culto cristã.
Ann diz que o número das baixas entre os cristãos - cerca de 90 por cento de todas as mortes na atual violência - mostra que os cristãos em Sulawesi Central não revidam contra os agressores muçulmanos. "Eles não teriam sofrido essa quantidade de mortes no conflito, nos massacres, se na verdade fossem capazes de se defender", ela disse.
Os cristãos continuam a fugir para a vila vizinha de Tentena, uma comunidade toda cristã. Lá, em maio, militantes muçulmanos explodiram um mercado, matando 22 cristãos.
Em março de 2003, Ann se reuniu com o vice-presidente da Indonésia Jusuf Kalla, que lhe disse, a respeito da destruição das vilas cristãs: "Os cristãos deveriam deixá-las e prosseguir ... Não podemos deixá-los por aí como refugiados".
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