A visita da iraniana Sarah* ao Brasil impactou a igreja livre de perseguição em todos os lugares por onde ela passou, dando seu testemunho de fé e de muita coragem. Durante sua estadia por aqui, ela visitou 21 igrejas. Entre os dias 23 de junho a 10 de julho ela esteve nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo, passou por Sorocaba, Santo André, Guarulhos, Vila Carrão, Campo Belo, entre outras localidades. No Rio de Janeiro, esteve em Magé, Jardim Sulacap, Irajá, Vista Alegre e alguns outros bairros. A presença de Correspondentes Internacionais da Portas Abertas e dos colaboradores de campo tem sido um forte estímulo para a igreja brasileira que está envolvida com nossos irmãos perseguidos ao redor do mundo.
Sarah contou parte da sua história quando ainda vivia no Irã e sobre os perigos que teve de enfrentar junto de sua família e amigos. “Para nós cristãos, o país era perigoso não apenas dentro das igrejas, mas até mesmo quando andávamos nas ruas. Mas precisávamos trabalhar lá e manter a igreja de pé. Meu pai, o único pastor legalmente registrado na época, sempre recebia convites para ir embora do Irã, por causa da perseguição, mas ele orava para conhecer a vontade de Deus que sempre dizia ‘não’ e ele obedecia”, conta ela.
Crescimento da igreja no Irã
A mãe de Sarah traduziu Bíblias, livros de teologia e materiais cristãos infantis por aproximadamente 20 anos. Enquanto isso, a família dela trabalhava também na igreja que era composta em sua maioria por uma comunidade aramaica. Um dia, porém, Deus tocou a vida de Sarah para se compadecer dos muçulmanos e então os planos mudaram. Depois de uma grande resistência e o receio de que o governo poderia interferir violentamente por causa disso, eles decidiram obedecer a vontade de Deus e passaram a receber os muçulmanos e a evangeliza-los. Vidas foram salvas, milagres aconteceram e a igreja ficou cheia. “Iniciamos aquele ministério com apenas 5 pessoas, praticamente só a nossa família. Mas a igreja ficou cheia depois, com cerca de 800 membros, mas não tínhamos Bíblias para esses novos convertidos. Mesmo assim, um dia, o Espírito de Deus desceu naquele lugar e as pessoas começaram a dançar. Deus nos mudou muito num curto período de tempo”, disse a cristã.
A Palavra transforma
Sarah descreve como “um tempo fantástico” quando a Portas Abertas surgiu em suas vidas. “Muitos jovens chegaram, havia música com violão e louvávamos ao Senhor com tanta alegria. E quando as Bíblias chegavam, as pessoas começavam a chorar de emoção. Era uma por família ou por grupos pequenos, então tínhamos que memorizar os versículos e até nossas brincadeiras eram sobre a Bíblia, pois tínhamos que guardá-la de memória. É a palavra do Senhor que transforma e para os muçulmanos isso era muito difícil, porque eles tinham que mudar a mente, a cultura e as atitudes. Durante um tempo imprimimos milhares de Bíblias, enquanto isso a igreja crescia, e junto com ela, a perseguição. Fomos seguidos pelo governo, interrogados, tivemos nossos celulares grampeados e havia câmera em todos os lugares. Chegou um tempo em que os soldados ficavam de plantão em frente à igreja, nos controlando”, lembra Sarah.
Apesar da perseguição
Segundo ela, não importam as dificuldades, os sofrimentos e nada do que aconteça durante o caminho com Cristo. “Assim como Jesus disse para Pedro ‘siga-me’, ele diz para cada um de nós. E ele não diz o que vai acontecer, ele simplesmente nos manda segui-lo. Não há um plano, nenhum programa e nenhuma organização prévia. Jesus simplesmente diz: ‘abra uma igreja’, ‘trabalhe para mim’, ‘seja meu servo ou serva’ e mesmo quando perguntamos ‘mas Senhor, como?’, ele continua dizendo ‘apenas siga-me’. Ele não avisa o que vai acontecer”, explica a cristã. Para finalizar, ela relembra do tempo em que aquela igreja foi fechada e invadida por um grande exército. Eles entregaram o prédio para o governo, mas ficaram com as pessoas, pois é através das vidas que Deus trabalha, independente do lugar. “Perdemos a nossa igreja, a nossa casa e tudo o que tínhamos. Vivemos em perigo, éramos espancados, não tínhamos mais emprego. Poderíamos fazer o que Pedro fez quando achou ter perdido Jesus e voltar à velha vida. Pedro foi pescar e os outros discípulos também, porque não tinham mais esperança. E nós chegamos a pensar assim e a questionar o motivo daquilo tudo. Mas, assim como o Senhor apareceu no mar para os discípulos, provando que ele não os havia abandonado, ele estava ali para cada um de nós, nos chamando para seguir em frente. E é o que devemos fazer, sempre. A igreja no Irã continua de pé”, conclui Sarah.
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