Seis testemunhas de Jeová foram presas e encaminhadas até a delegacia de Kagan, subúrbio de Bukhara, oeste do Uzbequistão, no dia primeiro de julho, como ficou sabendo o Forum18. A proprietária do apartamento, Lyudimila Simina, com mais cinco testemunhas de Jeová - Aziz Pulatov, Sabina Kurbanova, Nikolai Kryukov, Olim Jabbarov e Kamila Arabova ,que com dezesseis anos de idade está abaixo da idade de responsabilidade, foram presas baseada em uma denúncia de vizinhos, que relataram que Wahhabis (termo usado na região da Ásia Central para fundamentalistas islâmicos) se reuniam no apartamento. Todos eram testemunhas de Jeová e estavam apenas de visita no apartamento.
Essa não é a primeira vez que testemunhas de Jeová foram descritas como Wahhabis.
Erkin Khabibov, de Bukhara, disse ao Forum18, no dia três de julho, que não havia prova de qualquer reunião religiosa naquele momento. Os participantes estavam simplesmente em um momento de confraternização. As testemunhas de Jeová foram então encaminhadas até a delegacia por dez horas, ficando sem comida nem mesmo podendo ir ao banheiro. Khabibov alega que os homens foram agredidos na delegacia e as mulheres foram insultadas moralmente sofrendo também pressão psicológica.
O interrogatório não autorizado foi liderado pelo chefe da polícia Lieutenant-Colonel Shernazarov, que apareceu bêbado na delegacia, o chefe deputado da polícia Lieutenant-Colonel Tiumurod Tursunov, Senir Lieutenant Murtazo Ochilov, que trabalha no departamento de investigações criminais e o policial da divisão senior Rafik Rajabov.
Durante o interrogatório Shernaazrov bateu na cabeça de Aziz Pulatov, de dezenove anos, com um livro pesado forçando-o a escrever uma declaração. Tursunov levantou uma cadeira em direção à garota de dezesseis anos de maneira ameaçadora. O registro médico diagnosticou nela depois disso uma neurose psicológica.
Os outros detentos também passaram por pressões intensas, resultando em um estress muito grande para Kurbanova, Simina Kryukv e Pulatov. Arabova, a garota menor de idade, que ficou detida na delegacia por cerca de oito horas, sem ter a permissão de ver a sua mãe. Ela foi questionada sem a autorização de sua mãe, sendo forçada a assinar uma declaração.
O chefe especialista do comitê do governo para relações internacionais, Begzot Karyrov, disse ao Forum18, no dia seis de julho, que as testemunhas de Jeová já tinham entrado com uma reclamação sobre o incidente de Kagan, fora de Bukhara.
Ao mesmo tempo, ele enfatizou que o comitê não poderia ajudar essas testemunhas de Jeová. Isso está longe de ser a primeira vez que eles se posicionam contra a polícia. Eles não estão registrados nesta região, e mesmo assim permanecem com suas atividades, apesar de todas as advertências. Enquanto as testemunhas de Jeová continuarem sem registro junto a administração da justiça para a região de Bukhara, os conflitos com a polícia continuarão.
Quando o Forum18 observou que, mesmo se as testemunhas de Jeová violassem a lei, isso não daria o direito a polícia de agredir fisicamente esses religiosos, Kadyrov respondeu: Eles afirmam que toda a vez são agredidos, mas não podem oferecer qualquer prova convincente.
Em desafio aos compromissos de direito humanos internacionais, a lei que rege a religião no país faz com que as comunidades religiosas não registradas sejam consideradas ilegais. As testemunhas de Jeová têm tido os pedidos negados para obter o registro em Bukhara e em outras regiões do país, ficando a mercê de punições vindas da polícia.
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