Alvo de críticas vindas de diversos lados da comunidade internacional, o Estado Islâmico (ISIS, ISIL, Daesh) acabou se vendo na necessidade de elaborar uma propaganda "extremamente defensiva" para tentar "justificar" suas atrocidades contra civis (homens, mulheres, crianças e até idosos) de minorias étnicas religiosas, como os cristãos.
Na última edição da revista Rumiyah do grupo terrorista - que promoveu os bombardeios em duas igrejas coptas no domingo de Páscoa no Egito, matando pelo menos 45 pessoas - o líder da facção do Estado Islâmico no Egito afirmou que matar mulheres e crianças em ataques terroristas é permitido no Islã, citando o uso das catapultas de Maomé para sitiar uma cidade medieval, segundo informou o jornal 'The Independent'.
"Com relação às mulheres e crianças não-combatentes que morrem entre os beligerantes cristãos, o sangue deles dispensável, é como lixo", disse o líder não identificado do ISIS.
O líder terrorista também afirmou que o Islã "permite" assassinar todos os homens e levar mulheres, crianças, idosos e doentes como escravos, caso isso interesse à facção.
Jean-Marc Rickli, pesquisador do King's College London e do Centro de Políticas de Segurança de Genebra, disse ao jornal 'The Independent' que até mesmo alguns partidários do Estado Islâmico chegaram a denunciar os ataques do grupo terrorista a igrejas no mundo árabe, dizendo que estão "cruzando uma linha vermelha".
Os críticos muçulmanos do Estado Islâmico salientaram que os cristãos que viviam em terras muçulmanas durante a Era de Ouro Islâmica receberam proteção sob a Lei Sharia, desde que pagassem um "imposto especial".
No entanto, a facção do grupo terrorista no Egito afirmou que os cristãos "beligerantes" no Egito não merecem proteção.
Rickli disse que o Estado Islâmico enfrenta "um duplo desafio": está perdendo terreno no Oriente Médio, especialmente na Síria, enquanto um de seus rivais, a Al-Qaeda está reforçando as bases dela.
"Eles ainda têm que manter o ímpeto para atrair e recrutar novos 'soldados', mas também têm que justificar que o que eles estão fazendo é certo - o que é o contrário do que a maioria das pessoas pensa", disse ele.
Na semana passada, um líder do Estado Islâmico no Egito emitiu um alerta aos muçulmanos, dizendo-lhes para se manterem afastados dos encontros (cultos, festividades, reuniões) de cristãos e sugerindo que lançaria novos ataques a "alvos legítimos".
"Estamos lhes alertando para ficarem longe de reuniões cristãs, bem como as reuniões do exército e da polícia, e as áreas que têm instalações políticas do governo", disse o líder anônimo em uma entrevista para a 'Al Naba', uma publicação semanal do Estado Islâmico.
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