“Os cristãos no Paquistão estão sob a mira de fundamentalistas, devido ao uso instrumental da lei antiblasfêmia. Os casos de falsas acusações continuam e estamos muito preocupados: são pelo menos 5 nos últimos dois meses. Mas, infelizmente, não há mudanças à vista: o governo não considera por nada uma revisão ou a revogação da lei. E isso é muito grave”: foi o que disse à Agência Fides o Secretário Executivo da Comissão nacional “Justiça e Paz”, Peter Jacob, no âmbito da Conferência Episcopal do Paquistão, após novos casos de fiéis cristãos acusados injustamente de blasfêmia.
A aumentar a tensão nos últimos dias, o caso da Asia Bibi, primeira mulher condenada à morte por crime de blasfêmia (saiba mais). Asia recusou se converter ao islamismo e por defender a fé cristã, foi acusada de insultar o profeta Maomé. Dias atrás, a decisão do tribunal a considerou culpada, com base no testemunho de muçulmanos, e condenada à morte.
“Trata-se de uma verdadeira afronta à dignidade humana e à verdade. Faremos tudo para que o julgamento seja anulado através de um recurso” - disse à Fides, Peter Jacob, confirmando o interesse da Comissão Justiça e Paz no caso da Asia Bibi.
A Comissão apresentou uma lista de recentes casos de falsas acusações de blasfêmia e de violações dos direitos humanos: são pelo menos 5 nos últimos dois meses.
Em meados de setembro Tasawar Masih, um jovem cristão de Sargodha, foi acusado por jovens muçulmanos de insultar o Profeta. Alguns líderes religiosos muçulmanos, forçaram com ameaças a família de Masih, composta de 10 pessoas, a deixar o povoado. A família tinha uma casa e terras e terminou sem nada, vivendo hoje na miséria.
No distrito de Sialkot, outro cristão, Walayat Masih, caiu numa armadilha: na frente da sua casa foi encontrada uma cópia do Alcorão com algumas páginas queimadas. Um grupo de pessoas tentou entrar na casa e somente a intervenção da polícia evitou um linchamento. A polícia o manteve em custódia por cinco dias.
No início de outubro - informa ainda a Comissão - três homens em Lahore foram acusados de terem arrancado e jogado no lixo algumas páginas do Alcorão. A denúncia e a ação popular contra eles foram feitas pelos líderes da mesquita Ahl-e-Hadith. (SP)
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