Naghmeh Shariat Panahi disse à Portas Abertas que a última vez que ouviu a voz de seu marido, Saeed Abedini, foi em 9 de janeiro, durante uma ligação de três minutos de duração entre as cidades de Boise, nos EUA, e Teerã, no Irã. Ela não espera ouvi-lo novamente até 2021, a menos que a pressão dos EUA seja capaz de persuadir o governo iraniano a libertá-lo antes.
"Ele queria ouvir as vozes das crianças", lamentou Naghmeh nesta terça-feira (29), em sua casa, em Idaho. O casal tem uma menina de 6 anos de idade, Rebeca, e um filho, de 4 anos de idade, Jacob. "Depois que aqueles poucos minutos findaram, sabíamos que não haveria mais telefonemas", afirmou ela.
Abedini, de 32 anos, foi condenado domingo (27), por um juiz do Tribunal Revolucionário, que concluiu que o seu trabalho, de estabelecer igrejas cristãs no país, ameaçava a segurança nacional iraniana. Nativo do Irã, de uma família muçulmana, Abedini converteu-se ao cristianismo em 2000 e, a partir daí, passou vários anos frequentando pequenas igrejas domésticas até que se mudou para os EUA.
Ele foi preso no Irã, em setembro do ano passado, embora seus advogados norte-americanos aleguem que o cristão tenha firmado um acordo, em 2009, de parar de organizar novas igrejas no país. Desde então, dizem, ele voltou sua atenção para a construção de um orfanato não religioso e, devido a isso, nos últimos anos, fez várias viagens do Irã para os EUA e vice e versa.
O julgamento começou em 21 de janeiro. Embora ele tenha testemunhado que não havia nenhuma intenção política em compartilhar sua fé, Abedini e sua advogada iraniana foram impedidos de participar do processo no dia seguinte, em que outros cristãos foram chamados para falar sobre o trabalho de Abedini na igreja. Ele foi enviado para a prisão de Evin, no Irã, onde, ao longo dos anos, o país mantém uma lista considerável de presos políticos.
Segundo Naghmeh Panahi, o advogado de seu marido está preparando um recurso para apelarem da condenação. "A janela de oportunidade não ficará aberta por muito tempo", ressaltou ela.
"Ao apelarmos da sentença, teremos um tempo limitado para pressionar o governo do Irã sobre o caso", alertou ela. Mas, nem Naghmeh nem Tiffany Barrans, a advogada norte-americana que a representa, acreditam que há muita esperança em convencer o Tribunal Revolucionário do Irã a mudar a decisão de um dos seus juízes mais proeminentes.
Tiffany Barrans falou à Portas Abertas, terça-feira (29), que o melhor caminho para a liberdade de Abedini é através de pressão diplomática americana. De acordo com ela, os Estados Unidos, que não têm relações diplomáticas com o Irã, podem exercer influência por meio da ajuda de seus aliados no comércio com a República Islâmica.
Naghmeh contou que o Departamento de Estado dos EUA tem estado em contato regular com ela desde meados de dezembro, para atualizá-la sobre alguns pontos do caso, mas, muitas vezes, para pedir informações quanto ao desenrolar do processo. Antes do julgamento final, Naghmeh Panahi mantinha contato telefônico quase diário com Abedini, que estava sob prisão domiciliar no Irã.
"A resposta do governo americano, até então, tem sido: não há muito que possamos fazer", disse Naghmeh. "Autoridades afirmam que têm trabalhado pela libertação do meu marido, mas parece que eles estão se arrastando." Ela acrescentou ainda: "Eles disseram que estão preocupados com essa situação toda, mas não há muita informação sobre o que eles estão fazendo de fato."
Naghmeh lamenta não poder ligar para o seu marido na prisão. Também não pode visitá-lo. "Isso é muito difícil, de partir o coração", disse ela. "Como esposa, minha primeira reação foi de querer viajar e estar lá com o meu marido! Mas, infelizmente, fui ameaçada. Disseram que se eu pisar em um aeroporto no Irã, eu seria presa, e meus filhos ficariam sem mãe e pai."
Os filhos do casal estão vivendo com Naghmeh e seus pais, em Idaho. A igreja local se reuniu em torno da família, em oração contínua por eles.
"O maior apoio foi a oração", disse ela. A oração é urgente! "A menos que o tiremos rapidamente da prisão", disse ela, "não vamos ter a chance de libertá-lo nos próximos anos."
O Irã está na 8ª posição da Classificação de países por perseguição
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