A corrida dos sonhos pela vitória do Iraque na Copa da Ásia vinha cativando uma outrora desesperada nação. Mas mesmo em seus momentos de alegria – o time iraquiano está na final do campeonato pela primeira vez na história -, os iraquianos são obrigados a conviver com a violência e a dor. A explosão de dois carros-bomba nesta quarta-feira, 25, provocou a morte de pelo menos 50 torcedores que comemoravam a vitória do Iraque na semifinal do torneio.
Mais de 130 pessoas ficaram feridas na explosão, que ocorreu no momento em que uma multidão comemorava a vitória futebolística. Os alvos foram torcedores reunidos perto de uma conhecida sorveteria de Al-Mansour, um bairro da zona oeste de Bagdá, e nas proximidades de um posto militar na zona leste da cidade, disseram autoridades locais.
As vítimas estavam entre milhares de pessoas que saíram às ruas do país para celebrar a vitória do Iraque sobre a Coréia do Sul, por 4 a 3. O resultado garantiu uma vaga para o time na decisão da Copa da Ásia, marcada para o domingo em Jacarta, Indonésia. O adversário será a Arábia Saudita.
O primeiro atentado, no bairro predominante sunita de Al-Mansour, causou a morte de 30 pessoas e deixou outras 75 feridas por volta das 18h30, horário local.
Menos de um hora depois, um segundo carro-bomba explodiu na região de Ghadeer, deixando outros 20 mortos e 60 feridos. O bairro é habitado por sunitas, xiitas e cristãos. As fachadas de vários edifícios ficaram danificadas com a força da explosão, assim como alguns veículos estacionados no local.
Felicidade vira tristeza
A barbaridade dos atentados desta quarta-feira será lembrada pelo que ela abruptamente encerrou. Qusai Bilal, um vendedor de doces de 35 anos, estava assistindo a pouco usual festa na rua, em frente a sua casa. Jovens dançavam e exibiam bandeiras do país.
“Ouvi uma forte explosão, e em um segundo o que era uma cena de glória virou um cenário sombrio”, disse ele.
Ahmed Sattar, que vive de cozinhar kebab em uma calçada do distrito, também deu sua descrição da cena: “Não posso pensar no que vi”, disse o jovem xiita de 28 anos. “Os terroristas transformaram a alegria em sofrimento e tristeza. O lugar de alegria foi transformado em um massacre em questão de segundos. Eu me pergunto: por quê?”
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