Uma das principais reclamações dos críticos ao processo de impeachment é o fato de que, caso Dilma Rousseff (PT) perca seu mandato e Michel Temer (PMDB) assuma, o vice-presidente, na prática, passaria a ser o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E caso o processo avance no Senado, Cunha teria oportunidade de ser presidente do Brasil, de forma interina, por pelo menos quatro vezes até o final do ano.
No próximo mês de junho, em um cenário que o Senado tenha votado pela admissibilidade do processo de impeachment, Dilma estará afastada do cargo, pelo menos temporariamente, se não definitivamente. Então, Temer teria que viajar para a Cúpula do Mercosul, em Assunção, Paraguai, o que obrigaria Cunha a assumir a presidência da República interinamente.
Para muitos, a situação é impensável, dada a quantidade de situações escandalosas a que o nome do deputado federal – integrante da bancada evangélica – está envolvido, mas também é regimental e uma atribuição prevista em lei para o cargo que Cunha atualmente ocupa.
O cenário, porém, é ainda mais amplo, e caso Cunha consiga protelar ainda mais o processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, ele poderia assumir a presidência interina outras três vezes.
“Em setembro, Temer teria outros dois compromissos: a Cúpula do G-20, na China, e a Assembleia Geral da ONU, em Nova York — um evento que dificilmente Temer perderia, já que é o presidente brasileiro que tradicionalmente faz a abertura da reunião. No mês seguinte, Cunha também assumiria, já que Temer teria que viajar para a Cúpula dos BRICS, na Índia. É a escalada de Eduardo Underwood Cunha a todo vapor”, publicou o jornalista Guilherme Amado, de O Globo, comparando o parlamentar com o personagem da série de TV House of Cards, Frank Underwood, que de deputado federal nos Estados Unidos, chegou à presidência do país, moldando situações conforme seu interesse.
TSE
Há outra possibilidade de Cunha assumir a presidência da República, ainda de forma interina, porém por um prazo mais longo: caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgue o processo movido contra a chapa que elegeu Dilma e Temer em 2014, e considere sua eleição ilegal devido ao uso de recursos oriundos de corrupção na campanha, o atual vice-presidente também perderia o mandato, levando assim o presidente da Câmara à presidência da República interinamente, com a obrigação constitucional de convocar eleições presidenciais num prazo de até 90 dias.
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