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Religião deve ter peso menor em eleições

Se há alguém a quem George W. Bush tem que agradecer por seus dois mandatos consecutivos são os conservadores evangélicos do país – os mesmos que, até algumas semanas atrás, pareciam não ter um candidato claro às eleições presidenciais de 2008.

A escolha se mostrava difícil. Deveriam eles, por exemplo, apoiar Rudolph Giuliani, o ex-prefeito de Nova York que já se divorciou duas vezes? Deveriam optar por Mitt Romney, que, apesar de defender posturas conservadoras, é um mórmon? Ou deveriam apostar em Fred Thompson, um azarão sulista que tenta emplacar uma candidatura alegando ser o maior defensor dos verdadeiros ideais cristãos?

A resposta foi nenhuma das alternativas anteriores. O ex-governador do Estado de Arkansas Mike Huckabee surgiu como uma motoniveladora e em dezembro despontava na frente nas pesquisas de intenção de voto em Iowa e Carolina do Sul, além de desafiar a supremacia de Giuliani no cenário nacional.

A ascensão de Huckabee não chega a ser uma surpresa em um país em que a religião e a política parecem estar cada vez mais associadas.

A polêmica Mórmon

Cerca de 37% dos republicanos e dos eleitores com tendência a votar nos republicanos são evangélicos, de acordo com o Centro de Pesquisas Pew. E 43% dos eleitores dizem que questões sociais, como o casamento dos homossexuais e o aborto, serão fatores “muito importantes” na escolha do candidato à Casa Branca em 2008.

Bush nunca escondeu seu lado cristão. O uso da palavra “Deus” é freqüente em seus discursos e ele defendeu publicamente a adoção de uma emenda constitucional definindo o casamento como uma união entre um homem e uma mulher.

Em quem os eleitores evangélicos, tão numerosos em Estados como Iowa, poderia encontrar mais identificação do que em Mike Huckabee, que é um pastor batista?

A direita religiosa também vem sendo cortejada por Romney, que insiste que o fato de ser mórmon não influenciaria suas decisões na Casa Branca.

O problema é que muitos evangélicos nos Estados Unidos não entendem bem o que é a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, nome oficial da Igreja Mórmon, e a consideram uma seita.

A confusão foi tanta que Romney teve que ir a público fazer um discurso em que, como John Kennedy fizera em 1960, esclareceu sua posição religiosa.

“Há alguns que gostariam que um candidato presidencial descrevesse e explicasse as diferentes doutrinas de sua igreja. Fazer isso seria permitir o mesmo teste religioso que os fundadores da nação proibiram na Constituição. Nenhum candidato deve se tornar o porta-voz de sua fé.”

Mas ele também criticou o secularismo do Estado: “A religião é vista meramente como um assunto particular, sem espaço na vida pública. É como se eles tentassem estabelecer uma nova religião nos Estados Unidos, – a religião do secularismo. Eles estão errados.”

Obama “muçulmano”

Segundo a pesquisa do Centro de Pesquisas Pew, os eleitores democratas acham menos importante que os eleitores republicanos que um candidato tenha crenças religiosas.

Mas uma polêmica envolvendo Barack Obama mostrou que o assunto está longe de não ser um fator importante também para os candidatos do partido que aspira voltar à Casa Branca.

O senador por Illinois tem uma história de vida curiosa – passou parte da infância na Indonésia, que abriga a maior comunidade muçulmana do mundo.

A polêmica surgiu em um artigo da revista Insight, que disse que Barack Hussein Obama Jr. foi educado em uma madrassa (escola religiosa islâmica) indonésia. Logo veio o boato de que Obama era muçulmano ou teria um passado muçulmano.

O próprio candidato diz ser cristão e rechaçou por completo as alegações.”Se eu fosse muçulmano, eu diria isso”, afirmou em um discurso em Iowa. Mas a polêmica continua em blogs na internet.

A pesquisa do Centro de Pesquisas Pew indica também que Hillary Clinton (em comparação com o Obama e outro pré-candidato democrata no topo das pesquisas, John Edwards) é a que menos é considerada “muito religiosa”.

Mas um outro levantamento, divulgado em dezembro, indica que ela tem 70% das preferências do eleitorado judeu – um grupo rico e influente, em que cerca de 80% são democratas.

Influência

Uma das grandes questões é até que ponto a religião será um fator que irá definir o próximo presidente? Alguns elementos indicam que, apesar da força dos evangélicos em inúmeros Estados, esse pode não ser um fator tão importante neste ano.

O levantamento do Centro Pew foi feito antes da ascenção de Huckabee, mas indicava que, para o eleitorado em geral, a posição de um candidato sobre questões sociais polêmicas como o aborto é menos importante do que os planos dele para controlar a economia ou para o Iraque.

Além disso, durante meses, as pesquisas colocavam na frente os pré-candidatos considerados menos religiosos entre os avaliados na pesquisa: Hillary, do lado democrata, e Giuliani, do lado republicano.

O fator Huckabee também pode ser importante. Caso ele não garanta a indicação republicana, a direita religiosa voltará ao dilema de ter que escolher um candidato mais indigesto e pode se dividir, perdendo força.

E mesmo se Huckabee for indicado, há, entre os evangélicos, aqueles que não acreditam que ele tenha chance de ganhar. O famoso reverendo Pat Robertson, por exemplo, endossou a candidatura de Giuliani.

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Por outro lado, em setembro, um grupo influente de conservadores advertiu que eles seriam forçados a escolher um terceiro candidato, fora do eixo democrata-republicano, se Giuliani for o candidato.

Fonte: http://noticias.gospelmais.com.br/religiao-deve-ter-peso-menor-em-eleicoes.html


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