PAQUISTÃO – Em meio a pressões de clérigos muçulmanos radicais, espera-se que uma junta médica determine a idade da garota cristã paquistanesa que, conforme se alega, foi forçada a converter-se ao islamismo. O relatório médico sobre a garota de 13 anos, Saba Masih, que se casou com um muçulmano, deve sair em 20 de agosto, quando acontecerá a audiência sobre sua custódia.
A batalha pela guarda dela e de sua irmã de 10 anos, Aneela Masih — duas meninas criadas como cristãs que foram raptadas e de acordo com um muçulmano converteram-se ao islamismo — pode ser decidido com o testemunho das meninas, embora elas possam contradizer as evidências apresentadas no Tribunal.
Saba Masih, que se casou com um muçulmano depois de ser raptada, já afirmou por duas vezes no Tribunal que tem 17 anos — e a lei paquistanesa exige que as mulheres tenham, pelo menos, 16 anos para se casar sem a permissão de seus guardiões legais. Os pais afirmam que ela só tem 13 anos. Por isso a decisão dependerá de uma junta médica.
Na audiência de 6 de agosto, a Suprema Corte de Lahore, da secção de Multan, determinou que uma junta médica examinasse Saba Masih para determinar se ela tem idade suficiente para se casar por sua própria escolha.
As irmãs foram enviadas novamente para o abrigo do governo para mulheres, Dar-Ul-Aman, onde estão desde 29 de julho. Elas estão proibidas de receber visitas dos pais ou dos raptores muçulmanos.
Aneela Masih afirma que elas abraçaram o islamismo, embora ela não possa fazer isso por ser menor, pois só tem 10 anos. O Tribunal de Justiça se recusou a aceitar as certidões de nascimento ou de batismo como evidência da idade das meninas, filhas de pais cristãos. De acordo com a lei paquistanesa, um menor não pode se casar, independentemente de sua religião (relembre).
Entenda o caso
De acordo com os pais, as duas irmãs foram seqüestradas em 26 de junho, enquanto viajavam para visitar o tio em Sarwar Shaheed, no noroeste de Multan. Eles alegam que elas só podem estar sendo ameaçadas para sustentarem tais testemunhos.
Saba Masih casou-se com Amjad Ali, um muçulmano, no dia seguinte, e o raptor, fundamentado na conversão delas, pediu a custódia das meninas em 28 de junho.
Na decisão do dia 12 de junho, Naeem Sardar, principal juiz do Tribunal Distrital, concedeu a custódia das meninas para o raptor, fundamentado no testemunho de Saba Masih, em que ela afirmou ter 17 anos e ter se convertido ao islamismo. Ele não aceitou as certidões de nascimento como evidência da idade dessas meninas.
Na audiência do dia 29 de julho, o juiz Saghir Ahmed disse que não acreditava que as meninas haviam se convertido ao islamismo por escolha pessoal, ordenando que fossem enviadas para o abrigo de mulheres do governo para que pudessem pensar livremente sobre o assunto até a audiência de amanhã.
Junta médica e juiz são ameaçados
“Os clérigos muçulmanos já estão ameaçando a junta médica, afirmando que as meninas, por terem abraçado o islamismo, não devem ficar sob a custódia dos pais cristãos, disse Khalid Raheel”, o tio da menina raptada.
“Eles também estão ameaçando o juiz. [Saba] disse que tinha 17 anos porque foi ameaçada”, afirmou ele. “[O juiz] pediu às autoridades médicas para que a idade dela fosse confirmada por uma junta médica… [mas] os clérigos muçulmanos estão ameaçando a junta médica.”
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