Uma parceria que durou 43 anos foi finalizada na última quinta-feira (23). O Reino Unido decidiu se retirar da União Europeia (UE), abrindo um período de comentários diversos sobre como essa ação irá atingir a política e outras frentes. Há também o questionamento para o continente e para a sua própria unidade, visto que as opiniões se divergem.
Por 52% dos votos a 48%, a maioria dos britânicos optou pelo Brexit, ou seja, a saída do bloco. Existe, por esse motivo, o receio de uma recessão e de cortes nos gastos públicos anunciados pelo primeiro-ministro David Cameron. Tal medo não foi suficiente para deter a vontade do eleitorado britânico de retirar o país da UE.
A votação foi bastante acirrada, sendo que as duas opções do referendo se alternaram diversas vezes na liderança. Ao final, o Brexit saiu vitorioso ao abrir uma vantagem de mais de meio milhão de votos com cerca de metade dos distritos eleitorais apurados que não foi revertida na fase final da contagem. Com apenas 16 distritos eleitorais de 382 a serem apurados, a saída liderava com 52% dos votos contra 48% a favor da permanência. O comparecimento às urnas foi de 72%.
Já nesta sexta-feira (24), em um pronunciamento, o primeiro-ministro David Cameron afirmou que o Reino Unido "deve buscar um novo primeiro-ministro". O parlamentar anunciou sua renúncia ao cargo em frente ao número 10 de Downing Street, residência oficial do premiê britânico. Ele deve deixar o cargo em outubro.
Comentários
A notícia de imediato repercutiu pelo mundo e líderes cristãos se pronunciaram. Glauco Barreira Magalhães Filho é professor de Diraito na Universidade Federal de Fortaleza e pastor evangélico. Ele salienta o contexto histórico da união. “A União Europeia começou como um bloco econômico, mas, com o passar do tempo, começou a criar uma cultura imposta dogmaticamente aos países membros. Foi decidido que essa cultura criaria uma nova Europa, pois não manteria compromisso com a herança histórica (judaico-cristã) que lhe era peculiar”, publicou em sua conta oficial no Facebook.
“Com base nessa nova cultura, foi estabelecida uma tentativa de colonização ideológica de países da África (que sofreram embargos econômicos por manterem o valor da família tradicional e não aceitarem o aborto), Israel sofreu estigmas e o islamismo explodiu na Europa. Além disso, foram relativizadas a soberania nacional e a identidade cultural dos países. Foi criado um Direito sobreposto ao Direito de cada nação, mas sem a legitimidade democrática que esses tinham. A soberania popular foi abalada”, pontuou.
“A saída do Reino Unido pode trazer problemas econômicos iniciais? Sim. Mas o dinheiro não é o critério maior. Que Mamon caia por terra!”, finalizou Glauco.
Já Krish Kandiah, fundador da “Home For Good”, declarou que está triste pela novidade. "A votação do Reino Unido é uma notícia extremamente decepcionante, mas Deus ainda reina e ainda somos chamados para ser construtores de paz", publicou.
Em contrapartida, Francisco Razzo que é professor de filosofia na PUC-SP e voz ativa da comunidade católica contra o aborto, ressaltou que o fator que une o povo é a cristandade. “O que dá unidade civilizacional à Europa é a cristandade. Qualquer outra tentativa está fadada ao fracasso”, disse.
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