O movimento pela fundação do partido Rede Sustentabilidade não vem agradando setores do meio evangélico, devido às posições de sua principal figura política, Marina Silva, a respeito de temas como o aborto e o casamento gay.
Marina Silva, de origem esquerdista (já foi membro do PT e eleita senadora pelo partido) é contra o aborto, uma postura incomum em políticos de esquerda, e não tem demonstrado uma posição definida a respeito do casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que durante as eleições presidenciais de 2010, se mostrou contrária ao casamento, mas favorável à união civil.
Acusada de conservadorismo por Jean Wyllys, Marina Silva foi defendida pelo movimento que pretende estabelecer a Rede como partido. Numa nota oficial, o movimento afirmou que “em nenhum momento Marina defendeu a realização de plebiscito sobre o casamento homoafetivo”.
Sobre o assunto, o ativista e blogueiro Julio Severo publicou artigo criticando a postura de Marina Silva perante o tema. Para Severo, a posição de Marina deveria ser frontalmente contrária ao casamento gay: “’Homoafetivo’ uma ova! Esse tipo de relação é simplesmente homoerótica. Homoafetividade é a relação normal de amizade e afeto entre um pai e seu filho e um homem e seu amigo”, escreveu.
O blogueiro ainda diz que as posturas de Marina Silva a respeito da luta contra o aborto não são convincentes: “Apesar da posição confundindo ‘homoafetividade’ com homoerotismo, a ex-militante do PV, que luta para consolidar o Rede Sustentabilidade e se lançar candidata presidencial em 2014, aposta numa imagem ‘pró-vida’, torcendo para que o público se esqueça de que em 2010 ela foi criticada pelo movimento pró-vida por ter condenado a onda conservadora contrária ao aborto e ao homossexualismo que se levantou na eleição presidencial daquele ano”.
Julio Severo diz em seu texto que Marina Silva precisa “conhecer o verdadeiro Evangelho, ou apodrecer no falso evangelho”.
O articulista Klauber Cristofen, que escreve para o site Mídia sem Máscara, afirma que é incompatível que um partido de esquerda seja contrário ao aborto.
O texto porém, contextualiza as propostas do Rede Sustentabilidade a partir do passado político de Marina Silva e Heloísa Helena, ex-senadora e aliada na fundação do novo partido, desconsiderando as bases que foram reveladas à mídia no lançamento da Rede, que identifica o futuro partido como um movimento de centro.
“O aborto é uma política absolutamente necessária aos partidos de esquerda. Estes não podem abrir mão deste múltiplo instrumento de controle populacional, de empregos, de seleção racial, de criminalidade e de eventuais dissidências. O socialismo é o regime que se caracteriza por controlar variáveis na saída dos processos, e não nas causas. Ilustrativamente, é o regime onde havendo dez cabeças e nove chapéus, opta preferencialmente por decepar uma cabeça. Ou duas ou três”, escreveu Cristofen.
O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ), um dos principais ativistas gays do país publicou em seu site um artigo em que critica a postura de Marina Silva a respeito do casamento gay.
“Gosto pessoalmente de Marina Silva. Respeito e admiro muito sua trajetória política e acho que ela é um quadro importante para o atual cenário político polarizado entre PT e PSDB. Ainda faço votos que ela consiga as assinaturas necessárias para registrar seu partido. Espero que fique claro que minhas divergências com Marina são políticas, podem ser pontuadas, e que concordamos em várias outras questões […] Ela me disse que apoiava a realização de um plebiscito para que a população decidisse — uma idéia com a qual eu discordo absolutamente. No entanto, após o lançamento do partido ‘Rede’, essas lideranças negam que Marina tenha defendido a realização de um plebiscito sobre o casamento civil igualitário e, valendo-se de um jogo de palavras (misturando o casamento com a ‘união civil’, como se fosse a mesma coisa), não esclarecem se ela é a favor ou contra o direito de todos os brasileiros e brasileiras a se casar no cartório com a pessoa que amam”, enfatizou o deputado Wyllys.
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