“Acabamos como cúmplices do governo dos Estados Unidos por ter permitido o suposto envio de ajuda humanitária de forma maciça, ajuda econômica que foi utilizada para comprar armas e para militarizar a sociedade civil. As companhias multinacionais também têm grande responsabilidade pelo sofrimento das vítimas do conflito”, disse o membro do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Christopher Ferguson, em vista à Colômbia no marco do programa “Cartas Vivas”.
Já basta! É tempo de dizer que a Colômbia quer a paz e merece a paz, mas não pode fazê-lo enquanto as forças da morte continuarem recebendo apoio. É hora de acompanhar, de se solidarizar com as comunidades vítimas da guerra, disse Ferguson em mensagem enviada a igrejas ao redor do mundo.
Ferguson visitou a Colômbia entre 7 e 11 de dezembro, coordenando a equipe ecumênica que percorreu as regiões de Trujillo (Valle) e Curbaradó (Chocó). Integraram o grupo Jorge Ziljstra, do Conselho Latino-Americano de Igrejas (Clai), o bispo metodista Aldo Etchengoyen, da Argentina, o bispo Solito Toquero, das Filipinas, além de membros da Rede Ecumênica da Colômbia e da Igreja Presbiteriana do país. Na visita, a equipe ecumênica recolheu testemunhos de sobreviventes de comunidades atingidas pela guerra.
“É tempo de declarar que a paz vem da justiça. Os camponeses, os deslocados, os povos indígenas estão pedindo aos gritos para que lhes devolvam suas terras, para que prevaleça a justiça, para que o governo colombiano cumpra suas promessas, para que a violência termine. E temos que dizer: Amém. Essa é a nossa tarefa como igreja, a tarefa profética, evangelística urgente”, disse o pastor Ferguson, que representa o CMI nas Nações Unidas, em Nova Iorque.
Ferguson proferiu um “mea culpa” da comunidade internacional, admitindo que ela é responsável por não ter se dado conta a fundo da realidade colombiana. O coordenador da delegação do CMI conclamou pelo fim da repressão e da violação dos direitos humanos.
O representante Clai ressaltou o fato de poder trazer, em nome da comunidade ecumênica e do CMI, uma mensagem de apoio à Colômbia, para que saibam que não estão sozinhos nessa luta. “Quando alguém envia uma carta, espera uma resposta. E talvez nós pudéssemos ser agora as ‘cartas vivas’ da Colômbia para o mundo, erguendo a voz daqueles que estão sofrendo”, ressaltou.
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