O ataque foi mais uma ação da longa luta dos rebeldes por autonomia. Fontes oficiais dizem que os rebeldes da MNLF tinham a intenção tomar a prefeitura de Zamboanga, hastear sua bandeira e declarar a independência da região. Os reféns estavam sendo usados como escudo humano enquanto os rebeldes marchavam até a prefeitura.
Embora tivesse sido alertada sobre a situação com antecedência, a prefeita da Cidade de Zamboanga, Maria Isabelle Climaco, ficou surpresa. "A principal demanda era declarar a independência de Zamboanga", informou ela à mídia local. "Este não é um território RAMM (Região Autônoma Muçulmana de Mindanao). Em pouco tempo, teríamos montado um comitê de crise".
Os rebeldes atacaram uma comunidade que estava a 500 metros de distância de uma igreja que ministrava a cristãos dos grupos étnicos sama e tausug, ambos de tradição islâmica. Sete comunidades foram cercadas e cerca de 800 pessoas foram evacuadas e buscaram refúgio em estádios.
Cristãos são feitos reféns
Entretanto, ex-muçulmanos do grupo étnico sama continuam cercados nas cidades de Rio Hondo, Arena Blanco, Mampang e Talon-Talon. Relatos locais indicam que esses cristãos foram feitos reféns da MNLF.
"Já faz dois dias que estão sem comida", relatou um trabalhador cristão da área, que não quis ser identificado por motivos de segurança. "A MNLF tomou uma igreja como refém".
A Portas Abertas foi informada que dois cristãos e suas respectivas famílias fugiram em segurança de Rio Hondo, uma vila ribeirinha da Cidade de Zamboanga. Nesse meio tempo, cristãos tausug em Sta. Catalina, uma vila próxima, também foram deslocados. Balas perdidas feriram ex-muçulmanos que fugiam.
Cinco dos 250 reféns foram libertados na manhã de hoje (10), segundo a mídia local. "Sabemos que dez cristãos tausug chegaram em segurança com suas famílias. Nós fomos até eles para levar comida", uma fonte local acrescentou. "Evacuamos 60 cristãos sama de Rio Hondo. Outros vão vir. Continuem orando."
A Cidade de Zamboanga está sob alerta vermelho. Todas as aulas e atividades profissionais estão suspensas, e foi estabelecido um toque de recolher das 20h às 5h. Autoridades aeroportuárias fecharam o espaço aéreo.
Medo e incêndio
Na tarde de hoje (10), uma densa nuvem de fumaça subiu de Sta. Barbara, uma vila em Zamboanga, onde alguns reféns estão sendo mantidos. Os moradores também ouviram alguns tiros.
"Eles estão em um edifício próximo ao incêndio", disse um pastor local, que conseguiu ficar em contato com aqueles que ainda estão em Sta. Barbara, onde aconteceu um segundo confronto entre tropas do governo e rebeldes da MNLF, por volta das 4h (horário local).
Um jovem cristão tausug que escapou de Sta. Catalina descreveu como os insurgentes escolheram seus reféns. "Por volta das 14h de ontem (9)", narrou o garoto, de 13 anos, "os rebeldes começaram a perguntar a religião de todos. Aqueles que se diziam muçulmanos deveriam pedir perdão a Alá. Se eles se recusassem, eram forçados a recitar a fatiha (oração de abertura do Alcorão). Caso recusassem, ou não soubessem recitar, eram agredidos ou feitos reféns".
"Se eles (MNLF) tomarem Zamboanga, todos os muçulmanos serão reunidos e deverão recitar a fatiha", disse outro adolescente, o único cristão de sua família. "Eu não conheço a fatiha. Sou cristão há muito tempo, oro diferente. Meus irmãos estão temendo pela minha vida".
Nesse meio tempo, as reservas de alimentos estão diminuindo nas vilas tomadas pela MNLF, particularmente em Rio Hondo. Fontes locais dizem que ainda há cristãos nas áreas, que precisam ser evacuados. A Portas Abertas está trabalhando a fim de ministrar aos cristãos sama e tausug que estão refugiados na Cidade de Zamboanga.
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