A agência de notícias CNN alega que militantes islâmicos, liderados por um grupo chamado Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Islamic State of Iraq and Syria - ISIS), estão tentando impor uma rígida ideologia islâmica para os sírios da região.
Acredita-se que o ISIS detém o controle total de uma série de cidades da região, incluindo Keftin, Tal Rifat, Azaz, Ad Dana, Dar Ta Izzah, Binnish, Taqqa, Ma’arrat, Misrin, Jarablus and Al-Bab, enquanto muitas outras contam com uma forte "presença" do ISIS.
O efeito disso sobre os grupos minoritários da região, incluindo os cristãos sírios, é motivo de preocupação crescente. Recentemente, o ISIS esteve envolvido no que tem sido descrito como o "maior e mais grave massacre" dos cristãos desde o início da guerra civil na Síria.
O arcebispo Selwanos Boutros Alnemeh, morador de Homs e Hama, contou à Agência Fides sobre Sadad, uma cidade predominantemente cristã, invadida por milícias islâmicas em 21 de outubro, antes de ser retomada pelo exército sírio em 31 de outubro.
Contam-se histórias de 45 civis assassinados e enterrados em valas comuns. "O que aconteceu em Sadad é o maior massacre de cristãos na Síria e o segundo no Oriente Médio, depois daquele ocorrido no Iraque, em 2010. Gritamos para o mundo, mas ninguém nos deu ouvidos", disse Alnemeh.
Enquanto isso, em Raqqah, há relatos de que Bíblias e outros livros cristãos foram queimados em frente a uma igreja; e uma cruz foi arrancada do topo da igreja armênia em Tal Abyad e incendiada. O ISIS foi acusado por esses ataques, e também por outros, ocorridos em 25 de setembro, quando igrejas armênias e romanas de Raqqah foram profanadas.
Rami Abdul Rahman, do Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, disse: "O ISIS é o grupo mais forte do norte da Síria; qualquer um que disser qualquer outra coisa estará mentindo". Tudo isso tem provocado um crescente mal-estar entre os cristãos da Síria, que andam atemorizados com a violência contínua e temendo que sejam usados pelo presidente Bashar al-Assad como uma ferramenta de propaganda para a guerra. Eles têm repetidamente declarado que não desejam tomar partido na guerra civil.
O mundo reagiu fortemente à recente onda de violência no povoado predominantemente cristão de Maaloula. Pelo mundo ocidental está cada vez mais difundida a ideia de que as forças rebeldes estão saturadas com a presença de militantes islâmicos.
Os ataques contra cristãos e suas igrejas evocam a empatia do ocidente cristão e causam ainda mais desconfiança contra aqueles que se opõem ao regime sírio. Enquanto isso, os líderes da Igreja no interior da Síria continuam opondo-se fortemente à intervenção militar do ocidente, buscando uma solução política através do diálogo.
Jean Kawak, um bispo sírio de Damasco, disse à emissora internacional alemã Deutsche Welle que os cristãos se sentem "particularmente ameaçados por determinados grupos islâmicos radicais; e os muçulmanos moderados também estão sendo ameaçados". Ele disse que a reconciliação é "possível", mas que "não se pode fazer exigências antes de se iniciar as negociações. Um verdadeiro diálogo tem de acontecer sem condições prévias".
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