Uma multidão armada com paus atacou quatro igrejas na província Banten, na Indonésia, no domingo 6 de junho. Móveis e janelas das igrejas sofreram pequenos danos. Um pastor foi esmurrado na cabeça, embora este não tenha ficado seriamente ferido. O Capitão Hamdani, do departamento de polícia local, disse que os ataques foram uma reação à realização de reuniões das igrejas em lugares de culto não registrados.
Os ataques ocorreram em Pamulang e Ciputat, distritos de Tangerang, província de Banten, nos subúrbios de Jacarta. Vários ataques similares ocorreram nos últmos meses. Hamdani disse a repórteres da Associated Press que os ataques de domingo parecem ter sido coordenados, mas ele não fez comentários sobre os motivos dos mesmos.
Segundo a lei da Indonésia, igrejas devem solicitar uma permissão para construir um local ou ainda reunir-se em locais particulares ou alugados. Contudo, nos últimos anos, a obtenção de uma permissão tem se tornado cada vez mais difícil. Por esta razão, muitas igrejas têm realizado reuniões em salões públicos, escritórios, salas de conferência de hotéis ou shopping centers -- muitas vezes sem a permissão necessária.
Os moradores muçulmanos da província de Banten opõe-se à presença de igrejas não registradas. Alguns observadores acreditam que esta seja a razão por trás dos recentes ataques.
Os ataques são parte de uma tendência que vem crescendo em Jacarta e em áreas vizinhas. Incidentes similares ocorreram em Menteng, ao sul de Jacarta, no dia 6 de abril; e em Tangerang no primeiro dia de março. Esses incidentes também tiveram como alvo igrejas que faziam reuniões em lugares de culto não registrados.
A multidão enfurecida, formada por aproximadamente mil pessoas, que atacaram a igreja em Menteng, acusou o Rev. Nainggolan de organizar cultos sem autorização. O grupo incluía vinte membros de uma organização islâmica radical local chamada Frente Islâmica Pembela (FPI) que, mais tarde, confessou ter organizado o ataque.
Ao chegar a uma clínica de saúde operada pela igreja protestante Huria Kristen Batak (HKBP), a multidão atirou pedras nas janelas da frente da clínica. Cerca de duzentas pessoas entraram na casa e destruíram a propriedade pertencente à igreja. O Rev. Nainggolan disse que os estragos feitos ao prédio e ao que ele continha somam aproximadamente 50 milhões de rupins ($5,300).
Parte da construção estava dividida entre a clínica de saúde operada pela igreja HKBP e um auditório para recepção de casamentos, sob uma autorização concedida pelo governo local em outubro de 2001. A igreja também possuía um salão de culto separado, operando com autorização do governo desde 1980.
Em novembro de 2003, a igreja decidiu reformar o salão de culto e solicitou uma permissão para usar a clínica de saúde como um lugar temporário para cultos da igreja.
Contudo, as autoridades locais rejeitaram o pedido no dia 6 de novembro. Elas argumentaram que a comunidade local não teria dado o consentimento para a utilização da clínica como um local de culto sob os termos do decreto 137, que trata da permissão do governo para estabelecimento de igrejas.
Asyaf Ali, secretário da sociedade local, disse que a igreja teria usado a clínica para uma reunião relacionada à própria igreja, e que isso teria sido uma provocação para a comunidade. Aparentemente, o prédio da clínica havia sido usado uma vez em um domingo para uma reunião de professores da escola.
Um homem denomidado Mr. Hermansyah disse à imprensa que membros da comunidade teriam vindo a ele e pedido ajuda para disciplinar a igreja por ignorar o regulamento do governo local. De acordo com Hermansyah, coordenador da Frente Islâmica Pembela, ele designou vinte membros para organizar o ataque.
A sociedade nos convidou pois eles não tiveram coragem de tomar a decisão sozinhos, disse Hermansyah. Contudo, o funcionário público da vila local rejeitou essa declaração. O ataque foi uma ação espontânea realizada porque a igreja quebrou seu acordo, insistiu.
Edi Ramelan, o lider do RuKun Warga (Sociedade do Distrito) 013/991 local, disse que recebeu uma informação poucos dias antes do incidente de 6 de abril indicando que a clínica seria atacada. Ele passou essa informação para as autoriades locais, mas nenhuma medida foi tomada.
Em um incidente separado no dia 1 de março, dez igrejas que reuniam-se no shopping center Pujasera em Tigaraksa, Tangerang, foram fechadas pelas autoridades do distrito. As sociedades muçulmanas locais opuseram-se pois nenhuma das igrejas possuía autorização necessária para realizar cultos em locais designados a serem lojas e escritórios. Elas também acusaram membros da igreja de utilização de casas particulares para reunião em grupos durante a semana.
Yusuf Herawan, o líder do distrito de Tigaraksa, disse que fechou as igrejas no shopping center para protegê-las de um ataque. Pessoas estavam planejando destruir a queimar estes locais se as igrejas não fossem fechadas, explicou. Ele confirmou que as igrejas não possuíam as autorizações necessárias.
Muitas das igrejas solicitaram as autorizações, mas estas foram recusadas. Desde o fechamento das igrejas, algumas das congregações em Tigaraska pararam de se reunir, enquanto outras ainda estão procurando por locais alternativos.
Rev. Nainggolan da igreja HKBP em Menteng disse que, por enquanto, não buscará compensações pelas perdas. Somente oraremos e esperaremos que os suspeitos se arrependam, disse à imprensa. Mas queremos realmente pedir por liberdade de culto.
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