A revista missionária Além-mar, publicada pelos missionários combonianos de Portugal, denuncia, em sua edição de abril, a situação difícil que os cristãos atravessam na Ásia, onde o cristianismo continua sendo perseguido. Os cristãos são vítimas da violência sectária, em tempos de liberdade globalizada, denuncia o artigo, assinado por Manuel Ferreira, diretor da revista.
O artigo identifica, pelo menos, três situações hostis ao Cristianismo: o fundamentalismo hinduísta na Índia, o regime comunista na China, e a intolerância islâmica na Indonésia, Bangladesh e Paquistão, além da situação explosiva do Oriente Médio, cujos efeitos atingem também o cristianismo.
Segundo o Global Council of Indian Churches (Conselho das Igrejas Cristãs da Índia) foram mais de 200 os ataques sofridos pelos cristãos na Índia, só em 2006. Os casos mais violentos ocorreram no estado de Karnataka, e as vítimas foram, sobretudo, cristãos dalits convertidos. Os dalits são os sem-casta, no sistema social indiano.
Na China, a Igreja Católica e as demais denominações cristãs vivem um momento de grande esperança, pelas possibilidades de crescimento que lhes são oferecidas, mas também de grande constrangimento, pelo clima de controle e perseguição que continua se abatendo sobre o cristianismo. Não obstante as declarações de princípio sobre a liberdade religiosa e o desejo de boas relações com as religiões em geral, no decorrer de 2006 registraram-se numerosos casos de perseguição e abusos contra líderes cristãos, tanto membros do clero quanto leigos.
Nos últimos anos, desapareceram na China 17 bispos e 20 sacerdotes, mantidos ainda em prisão e isolamento. Numa reunião realizada de 18 a 20 de janeiro passado, no Vaticano, sobre a Igreja na China, a Associação Católica Patriótica (que seria a Igreja Católica oficialmente reconhecida pelas autoridades de Pequim) foi identificada como a principal fonte de dificuldades no caminho da normalização das relações diplomáticas e do crescimento da Igreja naquele país.
Quanto ao Islã na Ásia, a revista indica que, na Indonésia, se intensificaram, no decorrer de 2006, os abusos contra os cristãos, e os conflitos que levaram a assassinatos de pessoas e à destruição de igrejas e lugares de culto. A razão está na chegada, a algumas ilhas, onde tradicionalmente os muçulmanos viviam em harmonia com os cristãos, de pregadores mais radicais. Além disso, concorre para desestabilizar a situação, a atividade de organizações islâmicas supostamente ligadas a Al-Qaeda, que visam unificar os muçulmanos do arquipélago, para posições mais radicais.
Segundo fontes, os confrontos entre muçulmanos e cristãos, no período de 1999-2002, causaram, só nas ilhas Maluku, mais de seis mil vítimas e 750 mil deslocados internos.
No Oriente Médio, as comunidades cristãs também estão sendo vítimas esquecidas do conflito entre israelenses e palestinos, assim como acontece com a guerra civil do Iraque, eclodida após a invasão anglo-americana. No Iraque, no decorrer de 2006, sacerdotes e leigos cristãos foram seqüestrados, alguns foram assassinados, e a maioria dos cristãos se viu forçada a emigrar para o norte e a fixar residência entre os curdos. Na Palestina, o êxodo dos cristãos tem-se acentuado.
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