Psicólogos analisam comportamento do bom samaritano citado por Jesus na parábola e dizem que atitudes nobres como a do personagem podem ser tomadas apenas por medo de Deus.
O bom samaritano, personagem da célebre parábola contada por Jesus e registrada no evangelho de Lucas, está sendo – quem diria? – analisado por psicólogos em pleno século 21. Pesquisadores da Universidade da Colômbia publicaram na revista Science uma curiosa investigação sobre as verdadeiras motivações que levariam alguém a agir conforme a descrição de Jesus. Na parábola contada pelo Mestre, o samaritano – pertencente a um povo que na época era desprezado pelos judeus – foi o único a acudir um viajante que jazia à beira do caminho, após ser violentamente agredido por salteadores. Pouco antes, contou Jesus, dois religiosos haviam passado por ali e ignoraram o drama do desconhecido. Mas a conclusão a que chegaram os psicólogos destoa da normalmente empregada por pastores e teólogos, de que o samaritano seria um modelo de fé e amor cristão. Para eles, o verdadeiro motivo que teria levado o personagem à atitude nobre foi a idéia de que Deus nos vigia e vê tudo o que fazemos. Portanto, de Deus sempre olha para o homem, devemos ser bons, manter uma boa reputação e agir com desprendimento.
O estudo propõe que, em matéria de juízo, muitas pessoas tendem a pensar que só porque crêem em Deus são mais honestas e solidárias. Mas os psicólogos Ara Norenzayan e Azim F. Shariff, que conduziram o trabalho, chegaram à conclusão de que o que motiva os “bons” a manterem uma reputação intacta para si mesmo e para a sociedade é a idéia de um ente superior e vigilante está sempre a fiscalizar seus atos. “A associação entre religião e sociabilidade é mais evidente quando a situação pode ajudar a manter uma reputação favorável dentro de um grupo”, indicam os estudiosos. Em outras palavras, todo ser humano se sente mais generoso quando ajuda a alguém, quando participa de um rito religioso, ou, como no caso de muitos devotos, quando se sente na presença de uma divindade. Em outras circunstâncias, emoções como a compaixão ou empatia pelos demais ocorreriam de maneira idêntica, tanto em pessoas religiosas como para os não-crentes.
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