Nesta terça-feira (8) católicos e evangélicos realizaram uma marcha na Esplanada dos Ministérios, na capital federal, contra o aborto e pela vida. Além das igrejas, a Frente Parlamentar da Família e Apoio à Vida, liderada pelos deputados federias Luiz Bassuma (PT-BA) e Henrique Afonso (PT-AC), organizou a manifestação que contou com menos de dois mil manifestantes não chegando a atrapalhar o trânsito da Esplanada dos Ministérios.
Manifestação foi pequena e contou com petistas
A manifestação saiu da Catedral Metropolitana de Brasília e foi até a Praça dos Três Poderes. Os manifestantes fizeram uma parada em frente ao Ministério da Saúde e apresentaram cartões vermelhos, simbolizando repúdio a declarações do ministro José Gomes Temporão, que classificou o aborto de problema de saúde pública.
Após a caminhada, representantes do movimento entregaram ao vice-presidente José Alencar a Carta de Brasília, um documento contra a legalização do aborto no Brasil, juntamente com um abaixo assinado pedindo que não sejam aprovados os projetos que tramitam no Congresso Nacional pela legalização dessa prática.
97% da população contra o aborto
Um dos objetivos da caminhada era chamar a atenção da sociedade para o problema e para sua discussão no Congresso Nacional. “Isso vai fazer com que, aqui dentro da Câmara dos Deputados e do Senado, aqueles que não tomaram posição, tomem posição”, disse o deputado João Campos (PSDB-GO), um dos parlamentares que participaram da caminhada.
O presidente da Associação Nacional Pró-Vida Pró-Família, Paulo Fernando Melo, afirmou que a caminhada e a carta, que será encaminhada ao governo federal, são atos “de clamor à vida, de sim à vida, mostrando que a sociedade brasileira é radicalmente contra o aborto”.
A presidente da Federação Paulista dos Movimentos em Defesa da Vida, Maria Dolly Guimarães, ressaltou que as mulheres não abortam porque querem, mas porque não têm outra opção. “O que nós precisamos é de políticas públicas que assegurem a gravidez, o parto e o pós-parto com atenção médica”, defendeu Maria Dolly. Ela citou pesquisa do Ibope, realizada em 2005, cujos resultados teriam mostrado que 97% da população é contra a legalização do aborto.
O Ministério da Saúde não se pronunciou especificamente sobre a caminhada, mas reafirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o que o ministro Temporão propôs não foi a legalização do aborto, mas uma discussão sobre tema. Segundo a assessoria, existe uma grande diferença entre defender o aborto e defender a discussão.
Atentado contra o Reino de Deus
“Minhas reflexões e os estudos realizados me levaram a concluir que a legalização do aborto interessa aos que defendem o controle populacional e aos que vendem tecidos de fetos abortados”, disse o deputado acreano e petista, Presidente da Frente Parlamentar da Família e Apoio à Vida, Henrique Afonso. “Como cristão, identifico que o maior interesse é do inimigo de nossas vidas que veio a este mundo para matar, roubar e destruir, que veio afrontar o Reino de Deus”, finalizou.
O deputado Luiz Bassuna (PT-BA), da frente parlamentar contra o aborto, disse que “o povo deve mobilizar-se para fazer com que Lula reflita e escute a prédica de Bento XVI a favor da vida na quinta-feira”, quando ambos se encontram em São Paulo.
Ontem, Lula, mesmo dizendo ser contra o aborto, precisou que o tema é uma questão de saúde pública. O deputado Bassuna, que também é do Partidos dos Trabalhadores, reconheceu que a polêmica sobre o aborto pôs “em contradição o governo, onde de um lado está o que diz o presidente e do outro o vice-presidente” José Alencar, que hoje se opôs ao aborto.
Para Bassuna não se pode entender o aborto como “uma questão de saúde pública” porque, em sua opinião, se trata de uma “questão espiritual, de alma, não estamos falando do orçamento para as estradas, por isso o papa está certo e precisa falar disso com Lula, deve intervir”.
“O papa não é um chefe de Estado que interfere nos assuntos de outro Estado, o papa tem todo o direito de tomar partido no Brasil sobre um assunto transcendental, a vida”, argumentou.
Aborto no México
Para o parlamentar, a “luta em defesa da vida deve ser continental, nos alarma que na Cidade do México tenha sido legalizado o aborto”, referência à descriminalização da interrupção da gravidez antes de que se cumpram 12 semanas de gestação.
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