O professor universitário que terça–feira à noite esfaqueou um jovem no pescoço, em Ermesinde, foi acusado do crime de homicídio na forma tentada e vai aguardar julgamento com o regime de coacção de vigilância electrónica. A vítima encontra-se livre de perigo e permanece internada no Hospital de S. João, no Porto.
Problemas relativos a má vizinhança terão estado na origem da agressão, cometida com uma faca que levava dentro de uma bíblia, ocorreu na via pública quando o professor e um grupo de jovens se cruzaram. No lugar de Bela, na rua Ilhéu de S. Jorge, onde o professor Manuel Ramos reside, os vizinhos dividem-se. Uns dizem que tem problemas psiquiátricos outros defendem-no e afirmam que Manuel Ramos, com cerca de 40 anos, é “boa pessoa”. Maria Estela Rocha conta que tudo começou “por causa de um galinheiro” construído pelo vizinho de Manuel e que o professor contestou.
Desde então os problemas têm surgido ao ponto do vizinho o ameaçar de morte facto que já deu origem a um processo judicial. “Os rapazes foram mandados”, refere a vizinha Maria Estela, justificando que os problemas das agressões dos jovens ao professor da Universidade do Porto vinham-se agravando nos últimos tempos ao ponto da mulher se refugiar com o filho bebé em casa da família em Trás-os-Montes. “Ainda há três dias ele mudou a porta e colocou uma blindada porque eles esburacaram a outra toda”, salienta a vizinha.
Ruben Moreira, de 16 anos, é que assistiu a tudo. Ontem, foi ao tribunal como testemunha e contou ao juiz a sua versão dos factos. Esteve com os amigos no café Caravela a ver o jogo de futebol. Eram oito mas o grupo separou-se e quatro seguiram para sua casa. No caminho são surpreendidos pelo professor que salta de um muro e saca de uma faca de cozinha que trazia dentro de uma bíblia. “A agressão era para o meu primo que é filho da minha tia, vizinha dele e com quem tinha andado à porrada”, contou Ruben. Beto não estava no grupo e o agressor confundiu Ruben com o primo foi na sua direcção para o agredir com a faca mas Michell José Ferreira Oliveira, de 17 anos, colocou-se à frente e foi nele que o professsor desferiu o golpe que lhe cortou a carótida.
Ruben diz que não conhecia o professor mas que sabia das desavenças que existiam entre ele e a família do primo. “Só ouvimos ele gritar: ó senhor Fernando [um vizinho] e a espetar a faca no pescoço do Michell”, recorda o jovem que, entretanto já visitou o amigo no hospital. “Mal pode falar, não se lembra bem do que aconteceu e só diz que o vai matar”, acrescenta. Ao longo do passeio em declive da Rua do Ilhéu de S. Jorge eram visíveis as marcas do sangue perdido pelo jovem após a agressão. “Ele só não morreu ali porque um dos nossos amigos que também tem 17 anos tinha sido bombeiro e foi o primeiro a socorrê-lo, atando um bocado de t-shirt ao pescoço de forma a estancar a hemorragia”, diz Ruben Moreira.
“O rapaz esteve aí muito tempo a sangrar porque o INEM demorou muito”, afirma Agostinho Sá Dinis, vizinho. Quanto ao professor diz que “ele não é bom da cabeça e é conhecido na zona por ter comportamentos desajustados”. Após a agressão refugiu-se no interior da habitação de uma moradora que assustada chamou a polícia que fez a detenção.
Manuel Ramos reside há cerca de um ano em Ermesinde, concelho de Valongo, mas deu como morada oficial, para cumprimento da medida de coacção, um endereço em Montalegre. O professor incorre numa pena que varia entre um ano e seis meses e dois anos e seis meses de prisão.
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