Preso, empresário amigo de Lula pede exemplar da Bíblia para ler na cadeia; PT teme delação
O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), foi preso pela Polícia Federal na última terça-feira, 24 de novembro, como parte da Operação Lava-Jato. Na cadeia, o empresário fez apenas um pedido: uma Bíblia para ler.
Bumlai teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro por causa da suspeita de que ele tenha repassado ao Partido dos Trabalhadores um empréstimo de R$ 2 milhões, feito por ele junto ao Banco Schahin.
O banco confirmou que o valor emprestado a Bumlai não foi quitado, mas o pecuarista alega que pagou os valores com sêmen de boi, já que essa é a sua área de atuação. A explicação não foi bem aceita pelos investigadores.
De acordo com informações das agências de notícias, José Carlos Bumlai é católico praticante e fervoroso, com hábito de ir à missa frequentemente. No momento de sua prisão, em Brasília, ele portava um terço e uma imagem de Aparecida na lapela do paletó.
Bumlai é devoto de Santo Antônio – que é visto pelos católicos como padroeiro das causas perdidas -, mas leva vida oposta à adotada pelo santo, que era franciscano e fez voto de pobreza.
Desdobramentos
O pecuarista amigo de Lula seria ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a corrupção no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na última terça-feira, 24, mas foi preso antes. Agora, os parlamentares querem ouvir seus depoimentos na carceragem da Superintendência da PF em Curitiba (PR).
Segundo o jornalista Guilherme Amado, de O Globo, “o objetivo da CPI é apurar se houve irregularidade e ou influência política na concessão de crédito pelo banco à empresa de Bumlai, que deve mais de R$ 300 milhões ao BNDES”.
Acredita-se, embora ainda não tenham sido encontradas provas, que Lula tenha facilitado a concessão desses valores ao amigo empresário.
A prisão de Bumlai tem causado pavor na cúpula petista, que acredita que ele não resistirá à pressão das investigações e começará a falar tudo o que sabe sobre os escândalos de corrupção envolvendo o partido.
“O PT está apreensivo. O partido teme que José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo do ex-presidente Lula preso nesta terça-feira, feche acordo de delação premiada na Lava-Jato. Bumlai é considerado um fio desencapado. Suas explicações afoitas para as acusações feitas por delatores da operação — como a hilária versão de que pagou empréstimo de 12 milhões com sêmen de boi — são considerados sinais de que ele não resistirá muito tempo preso sem falar. Não por acaso Lula tem tentado se desvencilhar do amigo, algo difícil, dada a proximidade de ambos”, informou a jornalista Vera Magalhães, da revista Veja.
O episódio, inclusive, já teria se tornado motivo de troça entre os próprios petistas, que estariam considerando certa a opção de Bumlai pela delação: “Um petista que o conhece bem chegou a dizer diversas vezes, em tom de chiste, que Bumlai já no voo para Curitiba pediria a caneta e a papelada da delação premiada para assinar”, escreveu Lauro Jardim, de O Globo.
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