O teólogo Hans Küng, considerado o melhor teólogo rebelde do catolicismo romano, escreveu no volume final de suas memórias uma nota defendendo o “suicídio assistido” como um último ato de desistência de uma pessoa que sofra de alguma doença grave.
Aos 85 anos Küng, que sofre de doença de Parkinson, escreve que as pessoas têm o direito de “entregar” suas vidas a Deus voluntariamente se alguma doença, dor ou demência tornar ainda mais insuportável viver.
– Eu não quero viver como uma sombra de mim mesmo – afirmou o sacerdote nascido na Suíça, explicado suas afirmações no livro publicado esta semana.
– Eu também não quero ser mandado para um asilo… Se eu tenho que me decidir, por favor, respeitem o meu desejo – completou Küng que, desde Concílio Vaticano II em 1962-1965 , quando ele era um jovem assessor, defende uma igreja descentralizada, padres casados ​​e o controle de natalidade artificial.
A Igreja Católica rejeita o suicídio assistido, o que é permitido na Suíça nativa de Küng, bem como Bélgica, Holanda, Luxemburgo e quatro estados dos Estados Unidos.
Professor da universidade alemã de Tuebingen desde 1960, Küng foi destituído pelo Vaticano de sua licença para ensinar teologia católica em 1979 depois de questionar a doutrina da infalibilidade papal e ignorar a pressão do Vaticano para se retratar. Em resposta à ação do Vaticano, a universidade fez dele um professor de teologia ecumênica, garantindo-lhe um lugar a partir do qual ele escreveu dezenas de livros, alguns deles best-sellers, e muitos artigos.
De acordo com o Huffington Post, no terceiro e último volume de suas memórias, intitulado “Erlebte Menschlichkeit” (Experiências Humanas, em tradução livre), Küng escreveu que uma “morte súbita” seria boa para ele, pois não teria que decidir tirar sua vida. Porém, ele ressalta que se tiver que decidir não quer ir para um centro de suicídio assistido “triste e sombrio”, mas sim ser cercado por seus colegas mais próximos em sua casa, em Tuebingen, ou na cidade suíça de Sursee, sua cidade natal.
– Nenhuma pessoa é obrigada a sofrer o insuportável como algo enviado por Deus. As pessoas podem decidir por si mesmas e nem padre, médico ou juiz pode detê-los – afirmou.
De acordo com o teólogo tal morte, livremente escolhida, não é um assassinato, mas uma “rendição da vida” ou um “retorno da vida às mãos do Criador”.Deixe seu Comentário abaixo:
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