ERITRÉIA – A polícia da Eritréia usou novamente medidas energéticas contra cristãos na semana passada, quando prendeu 34 evangélicos que se reuniam em uma casa para orar e comungar, em Keren.
A invasão policial de quarta-feira passada (28 de maio) tinha como alvo os membros da igreja Berhane Hiwet (Luz da Vida), em Keren, terceira maior cidade da Eritréia, a 200 quilômetros da capital, Asmara.
No total, 24 homens e 10 mulheres foram presos e as crianças deixadas para trás. No dia seguinte, os carcereiros transferiram as 10 mulheres, todas elas casadas, para a penitenciária militar Adi-Abyto.
A invasão em Keren, na semana passada, foi a segunda rodada de prisões ocorrida na Eritréia, onde o regime ditatorial baniu todas as igrejas protestantes independentes da legalidade, em 2002, fechou seus templos e proibiu reuniões em casas.
Tortura e condenação sem julgamento
Cristãos pegos desobedecendo a essas ordens são presos e torturados por semanas, meses e, algumas vezes, anos. Os presos não têm direito a advogados ou ao devido processo legal.
Três dias depois das prisões de 25 cristãos protestantes em Adi-Kuala , no dia 24 de maio, as autoridades policiais transferiram os presos para o Centro de Treinamento Militar Wi’a, onde eles foram submetidos a punições severas.
Testemunhas em Adi-Kuala confirmaram que os policiais bateram nos prisioneiros enquanto os colocavam no caminhão que os levaria para Wi’a na terça-feira, dia 27 de maio.
Acusados de traição
Depois das prisões, uma grande quantidade de denúncias não confirmadas começaram a circular pela capital do país, Asmara, sugerindo que vários pastores protestantes presos há quatro anos – sem nenhuma acusação oficial – seriam logo julgados por traição.
Os líderes da Igreja do Evangelho Pleno, doutor Kifle Gebremeskel e Haile Naizghi, e o pastor Tesfatsion Hagos, da Igreja Evangélica Rema, estão presos desde maio de 2004. O paradeiro deles continua desconhecido e suas famílias e amigos não têm nenhum acesso a eles.
Prisão em massa
Pelo menos 2.000 cristãos eritreus estão presos em cadeias, delegacias de polícia e quartéis militares por causa de suas crenças e práticas religiosas. Alguns estão presos em celas subterrâneas ou contêineres de metal para obrigá-los a negarem sua fé e se aliarem às igrejas cristãs nacionais “históricas”.
O governo eritreu reconhece apenas as Igrejas ortodoxa, católica e luterana, além do islamismo, que é a religião de metade da população.
Classificada desde 2004 pelo Departamento de Estado Norte-Americano como um “país que gera uma preocupação especial”, por causa das restrições à liberdade religiosa, a Eritréia foi a primeira nação a ser sofrer sanções oficiais do Ato de Liberdade Religiosa de 1998.
O presidente Isaias Afwerki e seu governo negam categoricamente que não exista liberdade religiosa na Eritréia, e insiste que as notícias são baseadas em “alegações falsas, exageros e falsificações sem nenhum embasamento”.
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