Entretanto, um grupo de 40 colonos cristãos de países vizinhos se reúne com frequência. Uma vez por semana, se encontram secretamente para adorar ao Senhor.
Isso que fazem é bastante arriscado. “Em outubro de 2014, um membro da comunidade local oficializou uma reclamação à polícia. Ele suspeitou que fazíamos algo anti-islâmico”, disse o líder do grupo, Joseph*. A única coisa que faziam era reunirem-se para orar. A polícia chegou e confiscou algumas Bíblias.
Esse não foi o primeiro incidente. Dois meses antes, a polícia recebeu uma denúncia de que havia drogas nas dependências da igreja. “Quando os policiais chegaram para investigar, nos encontraram no nosso culto e descobriram que éramos uma igreja”, continuou Joseph.
O mesmo policial retornou no dia seguinte, mas desta vez tirou os sapatos antes de entrar no local do culto – os cristãos utilizavam um apartamento alugado. A atitude dele, ao invés de ser um ato de respeito, foi apenas o costume dele. Ele procurou por Bíblias no idioma local, o que é absolutamente proibido uma vez que o governo teme que muçulmanos conheçam a Cristo.
Como não encontrou o que procurava, ele confiscou 20 Bíblias em outros idiomas, pertencentes aos membros. E deixou um bilhete: “vocês somente podem ter atividades religiosas em particular, não em público”, repreendeu o policial. A comunidade é tão pequena e as casas tão próximas que a definição de espaço público foi distorcida. Qualquer coisa que se faça em grupos pode ser perfeitamente ouvida pelos vizinhos e ainda que as portas estejam fechadas, é considerado ‘público’.
O grupo precisou ser criativo para esconder suas atividades cristãs. “Agora, decoramos a sala com acessórios, por exemplo, um bolo de aniversário, para que nosso culto tenha a aparência de uma festa caso alguma autoridade apareça”, conta Joseph. Para não chamar a atenção dos vizinhos, eles colocam músicas não cristãs para encobrir o som que vem das orações e cânticos.
Sabedoria é essencial para os cristãos sobreviverem nesse país. “O governo é muito duro e deveria estar preocupado com outros assuntos, mas está focado na questão religiosa”, lamentou Joseph. “O pior é que as informações correm bem depressa. Cada passo que dou é observado tanto pelo governo quanto pelos moradores, alguns dos quais estão cada vez mais radicais em sua fé.”
Apesar das dificuldades, Joseph permanece inabalável. Ele é abençoado por ter uma esposa igualmente fiel no serviço ao Senhor. “Quando a pedi em casamento, perguntei logo se ela estava pronta para morar em um país extremamente fechado ao Evangelho. A resposta que recebi acalmou meu coração: ‘podemos morrer em qualquer lugar, um ônibus pode nos atingir. Então, qual é o problema de morrer ? Prefiro muito mais morrer servindo a Cristo.’
Recentemente, Joseph participou de um encontro patrocinado pela Portas Abertas e pediu para que orássemos por algo impossível para nós, mas possível para Deus. “Ore por liberdade religiosa no país. Há dez anos, não existia liberdade política nem de imprensa, mas agora o Senhor mudou essa situação. Oremos para que o mesmo avanço aconteça com a liberdade religiosa”, implorou ele.
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