Uma pesquisa realizada pelo Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e pela Ipsos Public Affaris traçou o perfil dos brasileiros em relação a doações e causas sociais. Intitulado “Retrato da Doação no Brasil”, a pesquisa mostrou que, em geral, os brasileiros não se sentem estimulados à doação e ao voluntariado. O estudo revelou ainda que os brasileiros fazem mais doações a igrejas que a outras instituições ou causas sociais.
Realizado em mais de 70 cidades, o estudo ouviu mil pessoas em cada uma de suas três fases e teve como resultado que o hábito de doar, seja tempo ou recursos, não faz parte da cultura dos brasileiros.
Entre os que se sentem estimulados a realizar doações, 30% dos brasileiros destinam seus donativos para igrejas, mesmo número dos que doam a pedintes, enquanto apenas 14% fazem doações para organizações da sociedade civil.
– O aumento da renda média da população não parece estar refletido no percentual da população que doa. Um dos motivos que podem explicar essa tendência é a percepção do brasileiro de que o governo está preenchendo essa lacuna, com políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família – afirma Paula Jancso Fabiani, diretora-executiva do Idis.
O estudo fez também um comparativo entre as doações realizadas por pessoas de diferentes classes sociais, e mostra que pessoas das classes C, D e E doaram mais para pedintes de rua e para a igreja em comparação as classes A e B, que doam em proporção maior para organizações.
Em relação à distribuição geográfica das doações, os moradores da região Nordeste são os mais sensíveis a destinar suas doações para pedintes, enquanto na região Norte e Centro-Oeste as doações são, em sua maioria, destinadas a organizações da sociedade civil e igrejas.
A pesquisa revelou também, segundo a revista online Mazarine, que falta às organizações civis a “cultura do pedir”. De acordo com o estudo, 85% dos entrevistados não recebeu nenhum pedido de doação provenientes de organizações nos últimos 12 meses.
– Números indicam que também falta a ‘cultura de pedir’ por parte de quem precisa dos recursos. Esse resultado reforça a percepção de que há muito espaço para o crescimento das doações – resumiu Paula.
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