Com o ano novo iraniano, algumas coisas ‘novas’ têm acontecido à República Islâmica. O famoso presidente austríaco Heinz Fischer aceitou o convite para visitar o Irã. Nenhuma data foi marcada, mas essa será a primeira visita de um chefe de estado do Ocidente em muitos anos, já que ninguém visitou o Irã durante o governo dos antecessores do presidente Rouhani, Mohammad Khatami e Mahmoud Ahmadinejad.
A despeito das aparências amigáveis para com o Ocidente, a recente eleição de Rouhani não contribuiu para diminuir as injustiças que muitos cidadões iranianos, especialmente os não muçulmanos, continuam a sofrer.
Outro evento ‘novo’diz respeito à cidadã anglo-iraniana Roya Nobakht, que foi presa em outubro de 2013 por dizer no Facebook que o Irã é ‘muito islâmico’. Roya esteve nas manchetes por ter sido acusada oficialmente de ‘insultar a santidade do islã’, um crime punível com a morte.
Especialistas que seguem o que tem ocorrido no Irã continuam escandalizados com a lista de abusos de direitos humanos do país, especialmente com os cristãos e outras minorias.
De fato, o relator especial da ONU sobre a situação de Direitos Humanos no Irã, Ahmeed Shaheed, informou a situação ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em março.
Enquanto a maioria dos casos envolvendo cristãos é julgada em tribunais revolucionários para os crimes de ‘segurança nacional’, o relato destaca que alguns cristãos enfrentam acusações em tribunais penais públicos por manifestações de crenças religiosas. Por exemplo, um tribunal condenou quatro cristãos a 80 chibatadas por beberem vinho durante a ceia em outubro de 2013.
Da mesma forma, em janeiro de 2014, pelo menos 49 cristãos estavam presos. Somente em 2013, as autoridades prenderam pelo menos 42 cristãos, dos quais 35 foram acusados de participação informal em igrejas domésticas, associação com igrejas fora do Irã, atividade evangélica real ou percebida, e outras atividades cristãs comuns. As penas variam de um a 10 anos de prisão.
Desde outubro de 2010, o discurso do Aiatolá Ali Khamenei, no qual disse que há uma luta entre "os inimigos do islã que estabelecem e incentivam a expansão do cristianismo no Irã", o governo iraniano tem aumentado de forma consistente as restrições contra as pessoas que se convertem do islã ao cristianismo. Considerando o que aconteceu no período relatado, a pressão recente sobre os cristãos parece confirmar isso.
A Igreja Presbiteriana de São Pedro, em Teerã, foi adicionada, em dezembro de 2013, à crescente lista de igrejas onde os cristãos de língua farsi são proibidos de participar dos cultos ou de entrar nas instalações. Anteriormente, o Ministério da Inteligência pediu aos membros da Igreja de São Pedro para submeter suas carteiras de identidade e informações pessoais ao ministério. Isto foi feito provavelmente para intimidar os membros da igreja e evitar que frequentassem os cultos. Em agosto de 2013, o mesmo ocorreu à Igreja Católica de Abraão, em Teerã, que anunciou que os cristãos de língua farsi seriam proibidos de frequentar os cultos em cumprimento a exigências do governo. Em junho de 2013, a igreja havia recebido ordens de submeter cópias das carteiras de identidade dos membros.
Vários pastores de igrejas estabelecidas (armênios, assírios) que estavam sujeitos a restrições antes de outubro de 2013 foram ainda mais pressionados pelo governo através de intimidações e interrogatórios para encorajá-los a cessarem suas atividades e deixarem o país.
As pressões para manter os cristãos de origem muçulmana fora das igrejas tradicionais têm resultado em um movimento de igrejas domésticas próspero, mas vulnerável.
Os líderes de igrejas domésticas e seus membros são ameaçados por ataques às suas reuniões, especialmente no Natal. Líderes ou membros ativos foram presos, incuindo pelo menos 16 cristãos ex-muçulmanos, durante o período coberto pelo relatório da ONU. Material, livros e DVDs cristãos foram confiscados.
Cristãos foram agredidos fisicamente. Alguns foram levados para localidades desconhecidas e tem sido difícil determinar seu paradeiro. Os familiares de membros que tentam descobrir a localização de cristãos presos foram ameaçados a permanecerem calados. Quando perguntadas sobre as condições de cristãos que supostamente estariam na prisão Evin, as autoridades se recusaram a dar respostas em alguns casos e despediram os familiares com preocupações. Enquanto um pastor estava detido na prisão, sua casa foi invadida em dezembro de 2013. Sua esposa e seus filhos foram ameaçados pelas forças de segurança e umlaptop e material cristão foram levados.
Alguns estão presos há muito tempo e não recebem o tratamento médico necessário. No caso de Saeed Abedini, o pastor americano-iraniano preso, foi informado que ele tinha sido levado para um hospital enquanto Catherine Ashton, alta representante da União Europeia, estava em visita oficial ao Irã, mas não recebeu tratamento adequado.
Aparentemente, até mesmo a tradição de longa data de permitir uma licença de duas semanas em casa aos prisioneiros de longo prazo (o que se assemelha a passar o Natal em casa) foi arbitrariamente aplicada.
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