Na quinta-feira (20/10), vários pastores evangélicos, acompanhado de um grupo de turistas vindos do Brasil fizeram uma manifestação em frente à Embaixada do Brasil no país, em Tel Aviv.
Era um protesto contra o voto do Brasil na Agência da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) que negava qualquer ligação dos judeus com o Monte do Templo. O documento declara que o local, juntamente com o Muro das Lamentações, são sagrados unicamente para os muçulmanos.
O resultado final gerou revolta em organizações judaicas e cristãs no mundo todo. Por causa disso, os pastores evangélicos que foram a Israel para a festa judaica de Sucot [Tabernáculos] decidiram vocalizar sua insatisfação diante da embaixada.
Eles carregavam faixas e cartazes tanto em português quanto em inglês. Um dos cartazes questionava se o que a Unesco fez não seria um ‘recall’ da Bíblia. Afinal, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento há várias referências ao Templo. O Islamismo só veio a surgir no oitavo século.
Um dos líderes dessa manifestação era o apóstolo Philomeno Romero, do Ministério O Brasil é de Jesus, que reúne igrejas em vários estados brasileiros. Ele explica que logo ao chegarem a Israel este ano foram informados da mudança de posição do Itamaraty. “Estamos indignados com essa decisão que representa uma afronta ao povo cristão do Brasil e exigimos que o Brasil mude seu voto”, afirmou à agência de notícias Tazpit.
Pastores em frente a embaixada brasileira em Tel Aviv.
Pastores em frente a embaixada brasileira em Tel Aviv.
Brasil: dois votos contra, um a favor
Uma divulgação equivocada de que o Brasil teria votado em desfavor de Israel e depois mudado de posição foi causada pelo compartilhamento nas redes sociais de notícias da decisão de julho como se ela tivesse sido tomada em outubro.
Em Jerusalém, durante a festas dos Tabernáculos, reporta o Breaking Israel News, o apóstolo René Terra Nova afirmou publicamente diante de líderes cristãos de vários países que o governo brasileiro mudara de posição.
A confusão se deu por que ocorreram três votações sobre o assunto este ano. Em abril, ainda no governo Dilma, a posição do Brasil foi a mesma que caracterizou todo o governo petista: contrária a Israel e ao lado dos muçulmanos.
Três meses depois, no governo interino de Michel Temer, houve uma mudança de postura. A nota oficial, disponível no site do Itamaraty, afirmava na época: “O fato de que a decisão não faça referência expressa aos vínculos históricos do povo judeu com Jerusalém, particularmente o Muro Ocidental, santuário mais sagrado do judaísmo, é um erro, que torna o texto parcial e desequilibrado”.
Contudo, em outubro, já oficialmente como o novo governo do país, representante permanente do país junto à Unesco, Eliana Zugaib, votou em desfavor de Israel, alterando a disposição demonstrada pelo Itamaraty em junho.
Na “justificativa” do voto, um tanto confusa, afirma: “O Brasil votou a favor da decisão, mas deixou registrado que a mesma não atendia a todas as suas preocupações… A delegação do Brasil votou a favor da decisão sobre a Palestina ocupada, porque o texto, embora inadequado, representa um avanço em relação àquele aprovado no 199º Conselho Executivo da UNESCO”.
A resolução do 200º Conselho Executivo, ratificada pela assembleia geral da UNESCO, 5 dias depois, teve 24 votos a favor, entre eles o do Brasil. Apenas o México mudou o status do voto entre uma reunião e outra, optando pela abstenção como decisão final. Após a decisão, Israel rompeu formalmente com a UNESCO.
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