O artigo publicado pela igreja Saddleback, que é pastoreada por Rick Warren, em que se de busca apaziguar as diferenças entre cristãos e muçulmanos, provocou diversas reações contrárias de críticos de Warren, que o acusam de promover o “Crislã”, uma mistura classificada como “confusa” de cristianismo e islamismo.

O artigo, produzido através de uma parceria entre Abraham Meulenberg, pastor de Relações Inter-religiosas da igreja Saddleback e Jihad Turk, membro do Grupo de Consultoria Cristã-Islâmico, causou polêmica por sua afirmação de que ambas as religiões “adoram o mesmo Deus”.

Colaboradores da Saddleback têm rebatido a publicação do artigo, dizendo serem falsas as declarações contidas na matéria. Porém, o jornalista responsável pela publicação no jornal Orange County Register, Jim Hinch, afirmou que a liderança da igreja concordou com os termos usados no artigo. “O pessoal da Saddleback inicialmente fez um pedido para que fosse feito um esclarecimento sobre o primeiro parágrafo da matéria, mas então retirou o pedido”, contou Jim Hinch, de acordo com o blogueiro Julio Severo.

O jornalista esclarece que “em vez das palavras ‘muçulmanos e cristãos adoram o mesmo Deus’ eles queriam que a matéria dissesse ‘muçulmanos e cristãos creem que Deus é um’. O resto da matéria, disseram eles, está factualmente acurada”. Procurado pela WND, o pastor Rick Warren não respondeu aos pedidos de entrevista.

O pastor Rick Warren afirmou que “esse é um exemplo de por que sempre duvido do que leio em jornais e blogs sobre ministérios cristãos. Jornalistas seculares que tentam cobrir questões de igreja e teologia muitas vezes entendem errado”, em uma nota enviada aos membros da igreja Saddleback.

Warren queixou-se também de cristãos que repassam a informação errada, transformando o erro em algo sólido: “Mas então blogueiros cristãos, em vez de entrarem em contato com meu ministério, cegamente creem, citam e repostam os erros feitos por jornalistas seculares. Então esses erros ficam permanentes, pesquisáveis e globais na internet”, ressaltou o pastor, mostrando-se preocupado com a repercussão. “Não dá para contar o número de vezes em que um jornalista secular fez uma notícia errada sobre a Igreja Saddleback e então essa notícia é perpetuada por cristãos que nunca checam os fatos. E os três fatores que mencionei sobre a internet tornam impossível corrigir todas as percepções erradas e mentiras descaradas que são repetidas interminavelmente”.

Em contrapartida, o jornalista Jim Hinch afirmou que procurou o pastor Warren através de seus assessores e não obteve acesso a ele, para esclarecer possíveis enganos. Um dos pastores que trabalham diretamente com Rick Warren enviou um e-mail afirmando que a direção da Saddleback “decidiu que não quer que o trabalho do ‘Caminho do Rei’ seja publicado”, fazendo referência ao documento publicado por Hinch.

Neste documento, apresentado pela primeira vez em Dezembro de 2011 numa reunião entre 300 muçulmanos e cristãos, e escrito por Meulenberg (pastor da Saddleback) e Turk, eram listadas semelhanças entre as religiões, com versículos da Bíblia e do Alcorão que supostamente possuiriam o mesmo significado. Como exemplo, o documento citava as passagens de Gênesis 1:1 e Al Sura 42:11:

“No começo Deus criou os céus e a terra”. — Gênesis 1:1

“O originador dos céus e da terra…” — Al Sura 42:11

O jornalista Jim Hinch afirma ter conseguido uma cópia do documento de uma fonte, sob a condição de que o conteúdo não fosse publicado na íntegra, e afirmou que o texto “delineia várias áreas de consenso teológico entre cristãos e muçulmanos e compromete ambas as religiões a três objetivos: fazer amigos uns com os outros, construir a paz e compartilhar ‘as bênçãos de Deus’ com os outros”.

Em uma entrevista ao The Christian Post, o pastor Rick Warren voltou a negar que esteja promovendo a união das duas religiões e criticou o jornalista Jim Hinch de forma velada: “Dias atrás, um artigo apareceu no Orange County Register que incluía algumas declarações ultrajantes sobre a Saddleback, que estavam incorretas. É claro que os meios de comunicação raramente acertam nas coisas, e não dá para respondermos a todas as declarações falsas feitas sobre nós. Mas senti que esse artigo criou tantas percepções erradas que concordei em fazer uma entrevista em resposta”.