Um pastor da Igreja Evangélica Assembléia de Deus Trabalhadores da Última Hora fez o que o governo, apesar de toda a carga de impostos que cobra, não faz: reabilitar um criminoso. O Pr. Isaías da Silva Andrade recebeu em sua igreja Rodrigo Carvalho Cruz, conhecido como “Tico”, acusado como autor de roubo e a morte do turista italiano George Morassi, em novembro de 2007. Ali, Tico recebeu o Evangelho e aceitou Jesus.
Em seguida, o pastor aconselhou o criminoso arrependido a se entregar para a polícia. Lá chegando, porém, o próprio pastor caiu vítima de acusações criminais — por causa das tendências politicamente corretas. Ele foi denunciado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) por prática de preconceito religioso contra as entidades do candomblé.
A denúncia, encaminhada para o juiz Flávio Marcelo Fernandes, da 37ª Vara Criminal da Comarca da capital, é de autoria da promotora Márcia Teixeira Velasco.
Citando a reportagem “Ladrão se entrega com Bíblia na mão” do jornal “Meia Hora” (edição de 27 de novembro de 2007), a denúncia do MP-RJ diz que o pastor Isaías da Silva Andrade “praticou, de forma livre e consciente, discriminação ou preconceito de religião”. Ao fazer uma declaração sobre Tico, o pastor disse:
“Ele estava possuído por uma legião de demônios, como o Exu Caveira e o Zé Pilintra. Fizemos uma libertação nele e o convencemos a se entregar hoje”.
O pastor disse isso nas dependências da DC-Polinter, onde acompanhava a apresentação de Tico à polícia.
Na opinião da promotora, o candomblé e seus praticantes “foram atingidos diretamente com a declaração racista e discriminatória, eis que o denunciado vilipendiou entidades espirituais da matriz africana, com a espúria finalidade de proteção de autor de nefasto crime”.
O processo foi auxiliado por Leonardo Chaves, subprocurador Geral de Justiça de Direitos humanos. As novas definições de direitos humanos incluem proteção às práticas de bruxaria e cada vez mais às práticas homossexuais, de modo que o mesmo governo que tem dificuldade de identificar e punir criminosos reais — estupradores, assassinos, etc. — encontra agora maior facilidade de identificar e punir pessoas que nunca cometeram crimes reais, mas que transpuseram os limites das categorias de crimes artificiais impostas pelo Estado.
Agora, o foco da atenção não mais são os crimes reais de Tico, mas os crimes imaginários do Pr. Isaias. Ele cometeu, na opinião do infalível Estado, o imperdoável pecado de ofender demônios do candomblé.
O caso, que está sendo acompanhado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, é o primeiro onde um pastor é denunciado criminalmente por discriminar religiões afro-brasileiras como o candomblé. Se condenado, o pastor pode pegar de dois a cinco anos de detenção.
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