No dia 7 de dezembro, o pastor Feroz Masih da Igreja dos Fiéis na Índia (BCI), e que já recebeu ameaças de morte, foi forçado a desocupar sua casa no distrito de Kangra, em Himachal Pradesh.
"A administração da cidade de Baijnath nos mandou uma ordem de despejo. Depois, os membros do Vishwa Hindu Parishad (VHP ou Conselho Mundial Hindu) colocou um ídolo hindu na varanda da nossa casa", contou ao Compass Ramesh Masih, filho do pastor.
O VHP já havia atacado o pastor e avisado, falando também para cerca de 60 membros da igreja que, se eles não se "re-convertessem" ao hinduísmo, seriam queimados vivos e teriam suas casas destruídas. A polícia interveio e evitou qualquer dano físico aos cristãos e suas casas.
Os líderes locais enviaram então uma ordem de despejo para a família de Feroz, em dia 30 de novembro. Ele pediu mais tempo e eles prorrogaram a data para o dia 16 de dezembro.
A família de Feroz não era dona do terreno em que vivia, mas o governo indiano quase sempre dá o direito de posse quando a família viveu na propriedade por pelo menos 20 anos.
Esses direitos existem desde a decisão da Suprema Corte em 1985, dizendo que o direito de uma habitação adequada, abrigo e sustento era parte dos direitos de vida conforme descrito no artigo 21 da Constituição Indiana. A corte também disse que uma nova acomodação deve ser preparada antes que os possuidores sejam desalojados.
A família Masih poderia ter lutado por sua casa, mas ela foi intimidada pelo VHP.
"No dia 2 de dezembro, uns 20 membros do VHP vieram e criaram uma confusão na frente de casa", Feroz explicou. "Eles disseram que uma multidão estava se ajuntando no templo para nos atrapalhar".
A família trancou a casa e foi passar a noite com seus parentes. Quando eles voltaram, em 4 de dezembro, um grupo pequeno do VHP, que tinha ficado de guarda do lado de fora da casa disse para família que a casa não era mais dela.
"Em vez de discutir, transferimos o culto para a casa de outro cristão", Feroz contou. "Mas, um pouco depois, ouvimos dizer que o VHP tinha colocado um ídolo na varanda de casa".
Por causa dessa intimidação, a família Masih foi obrigada a desocupar a casa mesmo antes do dia 16 de dezembro.
"De qualquer forma", o pastor disse "poderíamos ter solicitado uma ordem de permanência do tribunal, pedindo para a administração arrumar um lugar alternativo, pois nós temos provas de que moramos naquela casa por mais de 20 anos".
Sandeep Kumar, funcionário público de Baijnath, confirmou que o VHP colocou um ídolo hindu na varanda. "Eu ordenei que o ídolo fosse transferido para o templo vizinho, e o VHP concordou em fazer isso", ele afirmou.
V.V. Augustine, membro da Comissão Nacional de Minorias, disse ao Compass: "É uma pena que a administração tenha expulsado a família Masih e permitido que os fundamentalistas hindus ocupassem a casa".
Augustine pediu ao secretário-chefe do governo de Himachal Pradesh para intervir. "Também pretendo visitar a família e a área pessoalmente".
Sandeep afirmou que não havia conexão entre as ameaças de morte do VHP e a ordem de despejo, que foi mandada alguns dias depois.
"Foi tudo uma coincidência", ele falou. "Nosso departamento não pode ser influenciado pelo VHP nem por qualquer outra organização".
Sandeep também disse que o seu departamento enviava ordens de despejo para Feroz desde 1991. Ele apelou em 2001, mas seu pedido foi rejeitado.
"Feroz é de Punjab e, de acordo com nossa lei estadual, ele não pode comprar uma propriedade em Himachal Pradesh", acrescentou Sandeep. "Nosso departamento não vai providenciar uma moradia alternativa".
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