Onze meses depois de a polícia iraniana ter detido o pastor Hamid Pourmand por se converter ao cristianismo, as autoridades na Prisão Evin de Teerã continuam pressionando o ex-muçulmano a voltar ao islamismo.
O pastor, agora com 48 anos, permanece encarcerado com outros presos de consciência na ala política em Evin, onde passará pelo menos mais dois anos na prisão, devido à sua conversão.
Segundo a família do ex-coronel do exército, Hamid Pourmand não foi submetido a nenhum maltrato físico desde maio deste ano, quando foi absolvido de acusações de apostasia diante da corte islâmica, na cidade portuária meridional de Bandar-i Bushehr. Contudo, ele permanece sob pressão verbal exercida por oficiais da prisão de Teerã para que renegue a fé cristã.
O pastor leigo está cumprindo uma pena da corte militar de três anos por "enganar as forças armadas iranianas", presumidamente ocultando sua conversão ao cristianismo há 25 anos. A lei iraniana proíbe não-muçulmanos de obter cargos como oficiais nas forças armadas.
A agência de notícias Compass confirmou esta semana que Hamid recebeu permissão oficial para sair duas vezes da prisão desde o fim do mês de junho.
Segundo informações, ele recebeu permissão para sair durante dez dias em julho, para que pudesse colher documentos de defesa, relacionados com seu caso militar na justiça, seguido de três dias por "bom comportamento" na primeira semana de agosto.
"Sua família ficou muito agradecida por ter passado esses dias junto com o pastor", contou uma fonte. Arlet, esposa cristã assíria de Hammid, e o filho mais jovem, David, estão vivendo em Teerã, onde não possuem nenhum tipo de renda periódica, a não ser o sustento de vários cristãos.
Immanuel, o filho de 18 anos do casal, que saiu do Irã e foi estudar odontologia no exterior há vários meses, falou por telefone com seu pai.
"Ele me falou para nunca dizer a Deus: 'Tenho grandes problemas'", disse Immanuel. "Contudo, devo dizer aos meus problemas: 'Tenho um grande Deus'".
Desde janeiro deste ano, vários religiosos e outros grupos de advocacia iniciaram campanhas de cartas para protestar contra a detenção de Hamid Pourmand diante do governo iraniano. Em uma aparente resposta aos questionamentos diplomáticos da União Européia e de várias agências da ONU, o cristão preso está agora recebendo cartas e cartões na Prisão Evin.
O pastor Hamid foi preso em setembro de 2004, quando a polícia de segurança iraniana fez uma batida em um congresso do qual ele estava participando, em uma localidade próxima a Teerã. Oficial de carreira do exército, ele também estava trabalhando como pastor leigo nas congregações das Assembléias de Deus em Bandar-i Bushehr.
Após cinco meses sob interrogatório em uma solitária, Hamid foi julgado em fevereiro diante do tribunal militar e foi considerado culpado, apesar da prova documentada de sua inocência. Ele foi desonradamente demitido do exército, com seu salário e todos seus benefícios de pensão cancelados.
Em um julgamento subseqüente na corte islâmica sob acusações de apostasia e de conversão, no dia 28 de maio, o juiz absolveu o pastor Hamid em uma única audiência. A condenação de apostasia implica em pena de morte, sob a interpretação severa da lei islâmica do Irã.
Não se sabe se cabe apelação à condenação militar de Hamid Pourmand, ou se os meses iniciais que ele passou sem comunicação, sob interrogatório policial, serão subtraídos de sua sentença de três anos de prisão.
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