O pastor Abelardo Lino Silva, 38 anos, resolveu enfrentar a Deus é Amor. Ele passou duas décadas servindo a denominação como missionário em diversos locais da África. Quando voltou ao Brasil, cerca de 5 anos atrás, foi designado pastor num templo próximo à entrada da Rocinha, uma das favelas mais populosas da América Latina – cerca de 150.000 almas.
A Deus é Amor usava o imóvel para suas reuniões havia mais de 20 anos. Após somente três meses que estava pastoreando o local, Abelardo foi demitido. “Um dia, e eu ainda não sei qual é o motivo, a diretora, a filha do fundador, Débora Miranda, me ligou e me disse que não podia ser mais pastor da igreja. Desde então não retornaram mais minhas ligações”, conta.
O pastor contou aos fiéis que ia embora, mas eles não aceitaram a decisão da sede. Cansados, dizem, de ver como seus dízimos iam integralmente para a organização em São Paulo enquanto eles tinham que levar ao templo o papel higiênico de casa, os devotos encorajaram o pastor a resistir.
“É muito dinheiro, mas você não via que eles fizessem nada pela comunidade”, desabafa Abelardo, o caçula de seis irmãos, vindo de uma família humilde de Nova Iguaçu, no Rio.
Sua decisão foi fundar a Igreja Pentecostal Missão de Resgatar Vidas. Ele utilizou o dízimo nos meses seguintes para construir mais dois andares no imóvel original, além de montar uma creche gratuita para que as mães da comunidade possam trabalhar, oferecer auxílio aos dependentes de drogas e comprar a merenda para as crianças do projeto social.
Os fiéis apoiam integralmente a decisão do dissidente da Deus é Amor. “É o único pastor presente. Daqui só saiu dinheiro por 20 anos. Tentaram nos tirar o único líder que fazia bem à comunidade, então resolvemos tirar a instituição e ficar com o líder. Tinha uma época que nem podíamos sentar nas cadeiras de tão quebradas que elas estavam. Fomos lesados e enganados, o certo seria que eles nos indenizassem agora”.
Esse é o testemunho de Luciana, Regina, Isaura, Maria da Penha, Nildete e Aureceia, membros da igreja que deram entrevista ao jornal El País.
Enquanto Abelardo trabalha localmente, corre na justiça o processo judicial aberto pela Deus é Amor que possui mais de 22.000 templos espalhados pelo Brasil e em outros 136 países. A última sentença, de setembro deste ano, decretava a reintegração de posse do imóvel. Ou seja, Abelardo terá de devolver o templo para a denominação.
Em sua defesa, ele mostra documentos que provariam que o templo foi cedido pela comunidade para a evangelização, mas não doado. “Isto nunca foi deles, foi comprado com nosso dízimo. A gente não tinha um pastor e deixamos que eles [Deus é Amor] ocupassem. E agora eles querem tirar o que é nosso? Se for preciso a gente fecha a Niemeyer [principal avenida que une a favela com os bairros ricos da Zona Sul]!”, reclama Regina de Fátima Leandro, de 63 anos, uma das cerca de 140 obreiros da Igreja Pentecostal Missão de Resgatar Vidas.
O pastor Abelardo recorreu à decisão da Justiça. “Se chegar a ordem judicial, tudo o que foi plantado vai sumir”, acredita. Para ele, sé uma guerra e só resta esperar que Deus lhe dê a vitória e compara sua situação com a perseguição de Saul contra o rei Davi.
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