A polícia secreta do Uzbequistão prendeu um pastor protestante em sua igreja em Andijan na semana passada, sete meses depois de um promotor regional tê-lo acusado de cometer alta traição.
O pastor Dmitry Shestakov, 37 anos, agora é acusado de "incitar animosidade nacional, racial e religiosa" de acordo com o artigo 156 do código penal do Uzbequistão. Se condenado, ele pode ficar por cinco anos na prisão.
Em uma batida na igreja registrada de Shestakov, Igreja do Evangelho Pleno, em Andijan no domingo, 21 de janeiro, os oficiais do serviço secreto pediram ao pastor para sair com eles por cinco minutos e então imediatamente o levaram para a delegacia mais próxima.
Shestakov está sob custódia da polícia desde então, disse uma fonte protestante ao Compass.
De acordo com o advogado que deu assistência legal a Shestakov no ano passado, o pastor também foi acusado pelo artigo 244-1 de "produção e distribuição ilegais de literatura que promove dissensão religiosa".
Shestakov, sua mulher e suas três filhas foram levados a se esconder em junho de 2006, depois que o promotor regional Kamolitdin Zulfiev acusou o pastor de cometer traição, de acordo com o artigo 157 do código penal do Uzbequistão.
Apesar de Shestakov não ter recebido nenhuma acusação por escrito naquela época, ele foi informado verbalmente que as autoridades também planejavam acusá-lo pelo artigo 156, segundo um relatório de 20 de junho do serviço de notícias Fórum 18.
Crescimento traz perseguição
Em uma entrevista concedida ao Compass, em outubro de 2006, o pastor Shestakov descreveu como as autoridades começaram a persegui-lo em maio de 2006, aparentemente reagindo à conversão ao cristianismo de algumas pessoas da etnia uzbeque.
"Os uzbeques começaram a vir para a fée isso não foi boa notícia para as autoridades", disse uma fonte de Tashkent.
Em junho de 2006, a polícia fez uma batida na casa do pastor, detendo temporariamente Shestakov e confiscando vídeos de seus sermões (leia mais). Apesar de terem mandado o pastor fazer uma lista dos membros da igreja, ele se recusou a fazê-lo.
"Estava claro que a Segurança Nacional do Estado iria achar algo para me acusar e me retirar de minha posição de pastor", disse Shestakov na entrevista.
As autoridades também revistaram a igreja de Shestakov em Andijan, confiscaram CDs e vídeos religiosos e pressionaram os membros da congregação a testemunhar contra seu pastor.
Muitas leis do Uzbequistão violam normas reconhecidas internacionalmente para liberdade religiosa. Ao mesmo tempo, promotores locais freqüentemente levantam acusações falsas para obterem ordens de prisão contra líderes religiosos alegando ameaça à "segurança nacional".
Desencorajado mas determinado
Shestakov e sua família inicialmente abandonaram Andijan, localizada no leste do Uzbequistão no Vale de Fergana, para evitar sua prisão. Mas depois de vários meses eles retornaram para perto da cidade, continuando a ter contato com sua congregação em Andijan.
"Sim, eu fiquei deprimidofoi difícil ficar alegre", comentou Shestakov em uma entrevista em outubro. "Eu não sou um herói!"
Após ser pastor por 13 anos, Shestakov disse não acreditar ser certo deixar seu país e abandonar a igreja que ele fundou há 4 anos em Andijan. Procurar asilo no exterior não foi uma opção, pois ele queria limpar seu nome em sua terra natal.
"Eu fui chamado por Deus para ser pastor no Uzbequistão", disse o pastor. "Eu sou um peregrino sem casa, igreja ou status - mas com Deus".
Restrições religiosas se tornaram especialmente intensas em Andijan depois que tropas do governo mataram centenas de manifestantes em maio de 2005 numa revolta, causando críticas internacionais contra as violações dos direitos humanos no Uzbequistão.
"As autoridades estão mais atentas aos cristãos e muçulmanos depois do acontecido em Andijan", disse um cristão uzbeque. O governo do Uzbequistão afirma que o grupo Akramia no centro da revolta é uma organização terrorista islâmica, enquanto os líderes do Akramia insistem que o grupo é religioso e pacífico. Pastores cristãos da área são acusados de serem extremistas, de acordo acusações forjadas.
O relatório de 2006 do Departamento de Estado dos Estados Unidos liberado em setembro passado registrou um declínio no nível de liberdade religiosa no Uzbequistão.
"Assim como nos anos anteriores, grupos cristãos com membros da etnia uzbeque relataram estar trabalhando sob medo e perseguição", mostrou o relatório.
Em novembro, o embaixador dos Estados Unidos para liberdade religiosa, John Hanford, anunciou a inclusão do Uzbequistão na lista anual de "países de preocupação específica", devido aos relatos de restrições à liberdade religiosa e outros direitos humanos, alertando o governo do Uzbequistão a "repensar suas políticas e fazer as reformas necessárias".
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