Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” é o novo livro do conceituado Pastor Ciro Zibordi. Ciro, que também é colunista do Gospel+, concedeu uma entrevista especial falando sobre o livro e alguns dos graves problemas que algumas igrejas e pregadores possuem com relação a suas práticas e pregações.
A entrevista foi concedida a publicação cristã norte-americanaChristian Post e você confere abaixo na integra:
O que te levou a escrever o seu livro Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria?
Escrevi esse livro, sobretudo, porque recebi da parte de Deus um forte chamado para defender o Evangelho. Há um zelo dentro de mim pela pregação cristocêntrica, pelo ensino genuíno da Palavra de Deus e pela autêntica adoração. Além disso, tive o privilégio de aprender a defender o Evangelho aos pés de pastores zelosos, que sempre tiveram cuidado de si mesmos e da doutrina (1 Timóteo 4.16). Mas o Evangelho precisa de defesa? Em certo sentido, não, pois é poder de Deus para a salvação de todos os que creem (Romanos 1.16). Por outro lado, ele precisa ser defendido dos “outros evangelhos” (2 Corintios 11.3,4; Gálatas 1.8). E, por isso, o apóstolo Paulo afirmou: “fui posto para defesa do evangelho” (Filipenses 1.16). Daí a obra “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria.”
Nesse livro você menciona algumas práticas realizadas por Igrejas no Brasil que “sob uma ótica do Apóstolo Paulo” não seriam adequadas. Na sua opinião essas práticas levam as pessoas a afastarem-se da verdade?
É importante observar que, ao mencionar tais evangelhos, me refiro às doutrinas falsificadas que a Bíblia toda (e não apenas as Epístolas Paulinas) reprova. Falando da Igreja brasileira, há denominações e movimentos em que se verificam práticas que, sem dúvidas, desviam as pessoas da verdade. Elas expõem a superfluidade que existe dentro dos corações do líder e de seus liderados. Geralmente, uma Igreja que gosta de shows e dessacraliza o louvor, promovendo espetáculos de dança, luta-livre, “festa jesuína” (imitação de festa junina), “Dia de Elohin” (imitação do Halloween), rave gospel, etc., faz isso porque não preza a sã doutrina. Em outras palavras, o liberalismo dessas igrejas não é apenas litúrgico-consuetudinário, como muitos pensam. Todas essas práticas mencionadas são, antes de tudo, um reflexo do liberalismo teológico-eclesiástico que já se instalou em muitos corações. Uma boa Igreja, centrada na Palavra de Deus, zela também pelos bons costumes e pelo equilíbrio em tudo. Ela não é farisaicamente extremista, tampouco mundana, secular e extravagante. Não precisamos adotar o canto gregoriano em nossos cultos. Mas é lamentável querer associar a verdadeira adoração – que na Bíblia está ligada a prostração e quebrantamento – com agitação e divertimento.
Em um dos capítulos, “O Evangelho do Entretenimento,” você menciona que muitas vezes a música e dança não correspondem ou não são apropriadas com a liturgia do culto. Sob um ponto de vista bíblico, qual seria o modo correto de se oferecer a adoração no culto?
Ciro: A dança tem sido empregada nos cultos porque está faltando adoração autêntica e pregação cristocêntrica nas igrejas. O modo correto de oferecermos um culto coletivo a Deus (no templo, por exemplo) está em 1 Coríntios 14.26. Ele deve ter salmo (cânticos de louvor a Deus), doutrina (exposição da Palavra), revelação, línguas e interpretação (manifestação multíplice e sobrenatural do Espírito Santo). Alguém poderá dizer: “A dança não está implícita na palavra salmo”? Em nenhuma parte do Novo Testamento há estímulo à dança como parte da liturgia evangélica (eu pormenorizo isso no livro). Aliás, nem no Antigo Testamento a dança fazia parte da liturgia dos israelitas. “Davi dançou,” muitos justificam. Ora, ele dançou para extravasar a sua alegria, fora do templo. Depois, junto com Asafe e outros servos de Deus, preparou o culto coletivo da antiga aliança com cantores e músicos. Se a dança fosse parte do culto, o rei Davi teria certamente convocado dançarinos e coreógrafos. As Igrejas que adoram a Deus em espírito e em verdade e pregam uma mensagem centrada em Cristo não sentem falta de danças e outras formas de entretenimento. é importante dizer que a adoração e o louvor (que são intercambiáveis) não são apenas os cânticos que apresentamos no culto coletivo – isso é apenas uma forma de adorar e louvar a Deus. O verdadeiro adorador cultua a Deus o tempo todo. A reunião no templo tem hora para acabar, mas o culto de cada Cristão nunca acaba.
Na sua opinião, qual é o maior problema dentro das Igrejas brasileiras que é abordado também em seu livro sobre evangelhos que Paulo jamais pregaria?
Na verdade, são vários os problemas e, por isso, eu preferi usar o plural no livro. Alguns colegas sugeriram que o título fosse no singular: “O Evangelho que Paulo Jamais Pregaria.” Mas eu preferi usar “Evangelhos” porque são muitas as heresias e modismos verificados no meio evangélico ou pretensamente evangélico. Mas creio que os principais problemas ocorrem por causa do amor ao dinheiro, como disse o Senhor Jesus (Mateus 6.19-21) e o apóstolo Paulo (1 Timóteo 6.10). A bem da verdade, Pedro (2 Pedro 2.2,3) e outros servos de Deus também falaram sobre isso. Hoje, por causa da avareza, estão surgindo muitas aberrações, que agradam o povo, de modo geral, mas desagradam a Deus. E tudo isso faz com que não haja pregação cristocêntrica e adoração em espírito e em verdade – isto é, uma adoração que provém do nosso espírito, e não da carne (Romanos 1.9), e que está de acordo com a Palavra de Deus (João 17.17).
Como você acha que isso pode ser mudado?
Ciro: Tudo poderá ser mudado se os líderes, pregadores, ensinadores e cantores se aperceberem de que precisam ter cuidado de si mesmos e da doutrina. Eles precisam não apenas anunciar o Evangelho. Precisam proclamar o Evangelho com verdade e se opor ao erro que vem de fora, mas principalmente ao que ocorre “entre nós” (2 Pedro 2.1). Paulo, ao se despedir dos crentes em Éfeso, demonstrou ter essa dúplice preocupação: “Porque eu sei isto, que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho. E que dentro vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20.29,30). Se os expoentes do Evangelho se conscientizarem de que precisam pregar e ensinar com verdade, bem como defenderem essa verdade, o quadro atual será mudado. Entretanto, os tais formadores de opinião só terão essa consciência se forem verdadeiramente chamados por Deus. E, infelizmente, há muitos que entraram no ministério, porém o ministério jamais entrou neles. Eles não foram verdadeiramente chamados pelo Senhor da seara. Fizeram-se ou foram feitos obreiros pelos homens. Paulo tinha cuidado com isso: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Timóteo 2.2).
Como você relacionaria o crescimento das Igrejas evangélicas no Brasil com as práticas atuais abordadas em seu livro?
Ciro: Jesus já respondeu a essa pergunta quando falou sobre as portas estreita e larga (Mateus 7.13,14). Seguir a Cristo significa entrar pela porta estreita. Ele não obriga ninguém a segui-lo: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo” (Lucas 9.23). A porta larga representa os “evangelhos alternativos,” com muita diversão, repletos de coisas que agradam o ser humano e massageiam o seu ego. Verdadeiro crescimento experimentou a Igreja primitiva, que não priorizava o aumento numérico. Este decorria do crescimento espiritual (Atos 6.7; 16.5). Hoje, os líderes agradam as pessoas, principalmente os jovens, oferecendo a eles tudo o que desejariam ter no mundo. E o número de seguidores aumenta, é claro. Deus não prioriza o crescimento quantitativo. A despeito de Ele valorizar esse tipo de progresso, prioriza o crescimento de acordo com a verdade do Evangelho. Muitos falam que a Igreja está no mundo e precisa se aculturar. Em parte, eu concordo com isso. Não precisamos nos alimentar de gafanhotos e mel silvestre nem viajar no lombo de animais. Mas precisamos ter em mente que o Evangelho está acima das culturas. Elas não devem alterar a mensagem do Evangelho. Não é porque a dança é cultural que eu preciso necessariamente inseri-la no culto a Deus! Ela pode existir e ser apreciada como arte. Quando eu insiro no templo a dança e outras coisas que agradam o povo em geral, estou “alargando a porta,” para atrair mais gente. Mas Jesus disse que a porta é estreita e o caminho também!
Quais são seus conselhos aos Cristãos participantes ativos dos cultos evangélicos do Brasil?
Ciro: Apesar de tudo, no Brasil há líderes, pregadores, ensinadores, cantores e igrejas que ainda primam pela pregação cristocêntrica e a adoração verdadeira. O primeiro conselho é: sigam (ou continuem seguindo) ao Jesus Cristo e ao Evangelho da Bíblia, e não a “outros” (2 Coríntios 11.4). Segundo: pertençam a uma Igreja cristocêntrica. Terceiro: valorizem as exposições e louvores cristocêntricos. Em março, por exemplo, vou participar como preletor de um megaevento em Campina Grande, Paraíba, que reunirá mais de cem mil pessoas, denominado Consciência Cristã, o qual é voltado inteiramente para a pregação cristocêntrica e a adoração em espírito e em verdade. Finalmente, leiam o livro “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” para aprenderem a identificar tudo o que não está de acordo com o Evangelho (risos).
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