Os planos para a criação de uma cidade cristã na planície de Nínive, norte do Iraque, estão sendo minados por uma votação no Parlamento iraquiano a favor da manutenção da fronteira administrativa da província da região.
A esperança por um local onde haveria proteção para os cristãos do Oriente Médio estava crescente. O objetivo do projeto é promover refúgio para as pessoas que sofrem perseguição religiosa e desenvolver um espaço onde os cristãos do Iraque poderiam viver em paz ao lado de outras minorias.
O congressista Jeff Fortenberry, de Nebraska (EUA), introduziu uma lei bi-partidária na Câmara dos Representantes no início deste mês e fez um convite para o movimento.
Mas o Parlamento do Iraque parece ter bloqueado o plano, depois que uma votação foi solicitada por Ahmed al-Jarba, um político sírio que representa a província de Nínive, de acordo com a Agência de Notícias Internacional Assíria.
"O povo iraquiano rejeita qualquer decisão que concorde com a província de Nínive", disse al-Jabra. "As pessoas da cidade determinam o destino da sua cidade, mas o Estado Islâmico tem esse controle”, disse. Ele ainda acrescentou que qualquer alteração no status jurídico e administrativo será inconstitucional.
Enquanto isso Romio Hakkari, líder do partido cristão assírio Bet al-Nahrain, disse ao site Kurdistan24: "Nós não queremos ser parte de uma região autónoma no Iraque". Romio, que viajou para Washington para fazer contato para a criação da nova província, disse que os sunitas em Nínive discriminam as pessoas de outras religiões.
Uma saída para os refugiados
Os cristãos locais estão cada vez mais desesperados por um espaço seguro em seu próprio local, após dois anos de ataques do Estado Islâmico."Quase todos os refugiados cristãos que vêm a minha Igreja para orar são ajudados por uma proteção internacional, para viver como cristãos", pontuou Jamil Gorgis, um líder religioso em Dohuk, capital da província de Dahuk, no Iraque – onde cerca de 75 mil cristãos encontraram refúgio.
Em 2014, cerca de 80 mil refugiados cristãos fugiram de Mossul sob a ameaça de conversão forçada ou execução pelo Estado Islâmico. Centenas de civis foram mortos e mais de 400 mil foram obrigados a fugir no norte do Iraque. Há relatos de homens que estão sendo caçados e mortos. Depois, eles são deixados em valas comuns. Além disso, as mulheres são brutalmente estupradas e vendidas como escravas sexuais.
Na maior parte do Iraque, cerca de 1,5 milhões de cristãos fugiram na última década. Além disso, mais de 100 igrejas em Mosul foram destruídas pelo Estado Islâmico em apenas dois anos.
A ideia de um espaço seguro para os cristãos e outras minorias no norte do Iraque está em circulação por muitos anos, mas ganhou uma nova urgência em 2014.
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