O governo chinês nomeou seus novos líderes. Xi Jinping e Li Keqiang devem suceder Hu Jintao e Wen Jiabao como líderes do Comitê Permanente de Politburo e assumem a presidência e a secretaria-geral, respectivamente, em março de 2013. "É improvável que a mudança de liderança afete a política do país em relação à Igreja", afirma Xiao Yun*,
Líderes da Igreja chinesa não esperam por grandes mudanças após o resultado das eleições. "Enquanto nós nos comunicamos bem com o governo, só queremos que eles nos deixem em paz", expressa o líder de uma igreja não registrada. Essa é a opinião de muitos de seus colegas. acrescenta Yun.
Xiao Yun continou: "Os líderes do Partido Comunista não são democratas. Eles querem permanecer no poder, mesmo depois de deixar sua posição oficial. Isso significa que eles se certificam de selecionar sucessores que tenham a mesma visão que eles. Por exemplo: havia um político que foi preso por acusações de corrupção. Quando Bo Xilai tornou-se prefeito de Chongqing, ele utilizou um modelo comunista em sua maneira de governar. Ele era um membro candidato para o Politburo, mas era corrupto e queria voltar aos velhos tempos do comunismo. Os líderes entenderam que ele precisava ser interrompido e, por isso, ele não foi eleito. Portanto, não há razão para supor que os novos líderes devam interromper o caminho pelo qual a China está percorrendo".
Esse caminho conduz para novas políticas que visam fortalecer a economia, promover medidas contra a corrupção e, em pequena escala, estabelecer reformas no âmbito político. "Ao olhar para a China durante um período de dez anos, é possível perceber mudanças drásticas. Mas, de ano para ano, as transformações não são tão grandes", explica Yun. "Por enquanto, a Igreja chinesa espera poder continuar crescendo em tamanho e em profundidade. O governo deve se manter vigilante, isso é certo, mas a opressão severa é algo do passado. Eu gosto de dizer que o governo está melhorando, mas, por outro lado, ainda há alguns cristãos na prisão por causa de sua fé. Seguidores de Jesus estão entre os 400 grupos minoritários (oficialmente classificados em 56 categorias) que ainda são perseguidos pela sociedade e, por vezes, pelo governo."
A maioria dos cristãos, no entanto, experimenta essa liberdade crescente. De acordo com líderes de igrejas não registradas, o materialismo é, hoje, uma ameaça muito maior para o cristianismo do que a perseguição.
Efeito nas Igrejas em todo o mundo
O crescimento da Igreja e a possibilidade de diálogo com o governo não faz a mudança de liderança da China insignificante para os cristãos. Na verdade, talvez mais do que os seus antecessores, Xi e seu regime podem afetar a Igreja em todo o mundo. Desde a década de 1990, a China tem expandido gradualmente a sua influência no exterior e se tornou um jogador importante na arena política. Através da diplomacia e de investimentos, o país tem garantido recursos naturais e construído alianças com regimes, muitas vezes, questionáveis​​, como o presidente do Sudão, Omar al-Bashir e a junta de Mianmar.
A China pode ter passado por grandes mudanças nos últimos 30 anos, mas ainda não é uma democracia e nem quer se tornar uma. De fato, supostamente, o regime tem pesquisado as revoluções no mundo árabe com o objetivo de evitar algo semelhante no país. Estabilidade e crescimento econômico são os valores centrais da China. E isso pode ser um exemplo para outros países onde os direitos humanos são violados e os cristãos são perseguidos. A forma como a China lida com minorias, opositores políticos e grupos religiosos, pode ser copiada - pelo menos até certo ponto - em países como Sudão, Mianmar e até mesmo Coreia do Norte. Autoridades chinesas vão para países e áreas onde os seus homólogos ocidentais não podem, por causa das relações diplomáticas e acordos comerciais que a China alcançou.
"Isso significa que a questão não deveria ser: Como a mudança de liderança afeta a Igreja?", diz Xiao. "A pergunta certa a se fazer é: Como a Igreja chinesa pode influenciar a liderança do país? A Revolução Cultural demoliu valores importantes em nossa cultura. As pessoas estavam acostumadas a cuidar uns dos outros. Agora vivemos em uma sociedade de sobrevivência. O dinheiro tornou-se o novo presidente, ditando cada aspecto da vida. A Bíblia tem outros valores para oferecer, como amar um ao outro, abster-se de imoralidade e ajudar aqueles que se encontram em necessidade. É responsabilidade da Igreja transmitir esses valores para o povo chinês. Se a Igreja for capaz de influenciar a nossa sociedade, será capaz de influenciar a nossa liderança e, assim, todo o mundo. Um dos nossos programas atuais mais importantes na Portas Abertas concentra-se em ajudar a Igreja na incorporação de valores cristãos e aqueles que vivem fora. Isso pode mudar a sociedade chinesa e a nossa liderança. É o melhor que podemos fazer na China para ajudar nossos irmãos e irmãs que são perseguidos no exterior", concluiu.
*O nome foi alterado para a segurança do cristão
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