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Outras religiões: Presença de obstetra masculino viola valores muçulmanos
Muçulmanos locais de Karasu na região de Osh, sul do Quirguistão estão indignados pelo fato de ter um médico obstetra trabalhando em um hospital maternidade, declara Sadykjan Kamaluddin, chefe do Centro Islâmico Internacional do Quirguistão e ex-mufti do país.
A população da nossa cidade leva o islamismo muito a sério e sob a lei sharia um homem estranho não pode ver uma mulher nua, disse ele ao Forum18 no dia 7 de março. A provisão está em todos os comentários na lei islâmica pelos teólogos. Kamaluddin alega que a única exceção à essa regra é quando a vida de uma mulher corre risco de morte estando somente homens ao redor.
Ele acredita que não há nenhum perigo neste caso e portanto viola a lei sharia para um homem fazer o parto. Oficiais disseram que a presença deste médico tem levantado o furor da população local.
Como resultado da presença deste osbtetra, a população não está disposta a levar suas esposas grávidas à essa maternidade. Em vários casos, os maridos exigiram o divórcio uma vez que souberam que um homem executou o parto. Alguns maridos preferem que o parto seja feito por eles mesmos, simplesmente para evitar que sua esposa seja vista nua por outro homem. Tais partos feitos nos lares podem acarretar em uma tragédia, disse Kamaluddin ao Forum18. Os residentes locais e oficiais eleitos para o distrito por várias vezes recorreram às autoridades para que este médico não trabalhe na maternidade desta região. Entretanto, as autoridades continuam rejeitando nossa solicitação.
Durante a visita feita pelo Forum18 à maternidade no dia 7 de março, a médica Damira Bakmatova admitiu que de fato existe um médico obstetra trabalhando, mas ela recusou a confirmar ou negar registros de que residentes locais não estão dispostos a levarem suas esposas nessa maternidade.
Alguns acreditam que a recusa da parte das autoridades em transferir o obstetra está ligada ao fato da exigência ser de membros da Hizb-ut-Tahrir, partido islâmico banido no Quirguistão que convoca todos os muçulmanos a se unirem de baixo da autoridade de um só califa. O debate sobre essa maternidade é puramente político, disse ao Forum18 Alakhan Baltabayev, ativista desse partido no dia 7 de março em Karasu. Ele argumenta que as autoridades não querem ser vistas sucumbindo à vontade de um partido banido no país.
Contatado pelo Forum18 no dia 9 de março, o chefe da prefeitura de Karasu, Adam Zakirov foi bem franco em admitir que não está sendo fácil lidar com a população local e acrescentou ainda que o obstetra já foi transferido para outro local.
Entretanto, quando o Forum18 percebeu que ele ainda estava trabalhando na mesma maternidade, Adam mudou seu tom. É um assunto muito complexo. Nosso país é um estado laico, se nós demitirmos o médico, estaremos infringindo seus direitos como cidadão do Quirguistão, declarou ele. Por outro lado, uma seção da população muçulmana local está realmente infeliz com o fato de ter esse médico trabalhando na maternidade, e temos que respeitar suas convicções religiosas. Resolveremos esse assunto e o obstetra será transferido para outro local, assim ele não mais ofenderá os valores muçulmanos.
O chefe do comitê do governo para relações religiosas, Omurzak Mamayusupov, achou difícil encontrar uma resposta para o Forum18 quando questionado se quaisquer leis regulam tais conflitos. O Quirguistão é um país laico e sob nossas leis, homems e mulheres possuem os mesmos direitos, disse ele ao Forum18 no dia 10 de março. Ao mesmo tempo, temos que respeitar os direitos de cada religião. Para ser sincero, eu simplesmente não sei como resolver esse assunto.
A chefe obstetra ginecologista do país, Roza Amirayeva, disse ao Forum18 no dia 10 de março que estrangeiros de países muçulmanos geralmente insistem que homens não realizem o parto de suas esposas. Ela disse que o ministério da saúde sempre concede tais solicitações, mas também disse que tais pedidos são bem raros. Roza confirmou que não tem havido casos similares à esse, sendo que o ministério da saúde não emitiu provisões especiais para regular esse problema.
Situado na fronteira com Uzbequistão e com a população em sua maioria de etnia uzbeque, Karasu é vista como uma fortaleza para o partido Hizb-ut-Tahrir na Ásia Central. Isso está longe de ser a primeira vez que problemas surgem entre as autoridades e a população muçulmana. No ano passado, diretores de uma escola local proibiram os alunos de comparecerem à escola trajando hijab, lenço usado pelas mulheres na cabeça e por garotas cubrindo a cabeça e o pescoço.
Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/2004/03/noticia762/
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