O site de relacionamentos Orkut ganhou recentemente uma versão direcionada especialmente para o público cristão. Denominado Orkut God, o endereço eletrônico criado pelo grupo mantenedor do Portal Deus Eterno é o responsável pela novidade, que somente na primeira semana no ar contou com cerca de 500 pessoas cadastradas.
De acordo com os responsáveis pelo desenvolvimento do site, o Orkut God é o resultado de uma fusão com o Rede Brothers, endereço eletrônico criado por membros da Assembléia de Deus que já existia há algum tempo, com a proposta de englobar membros de todas as religiões cristãs, assim como acontece com o Portal Deus Eterno.
O Orkut God se torna, assim, um braço do portal, que já conta com uma diversidade de recursos que vão desde sala de bate-papo, rádio on line até galerias de fotos e notícias. O novo site de relacionamento tem algumas diferenças em relação ao Orkut tradicional, sendo a principal delas o controle do conteúdo.
Colaboradores contam que todas as informações que circulam no Orkut God constam em um banco de dados fiscalizado pelos mantenedores do site. Imagens pornográficas e mensagens com palavrões, por exemplo, são eliminadas e os usuários que desobedecerem as regras são automaticamente excluídos.
Não é preciso ser convidado para criar um perfil no Orkut God, basta acessar o site www.or-kutgod.com.br e se cadastrar. Além dos recursos do Orkut tradicional, como lista de amigos, galeria de fotos, mural de recados e comunidades, há ainda espaço para testemunhos e links diretos para ferramentas do Portal Deus Eterno, tais como a rádio on line.
O Orkut foi iniciado como um projeto pessoal de Orkut Büyükkökten, desenvolvedor natural da Turquia trabalhando para o Google. À época, o conceito de redes sociais estava apenas engatinhando e não existiam servicos robustos disponíveis para atender uma eventual demanda.
A idéia deu certo e outros sites ou seguiram os caminhos do Orkut ou estavam sendo desenvolvidos em paralelo com os mesmos conceitos. Hoje o mercado já está praticamente saturado de sites para redes sociais e existe até uma busca de novas alternativas (leia-se “oportunidades para ganhar dinheiro”). Mesmo assim o Orkut é, de longe, o mais popular no Brasil.
Por que o Orkut deu tão certo no Brasil? Por que ele praticamente afundou em todos os outros países do mundo mas sobreviveu e continua crescendo no Brasil?
A resposta pode estar na combinacão de aspectos culturais brasileiros com os recursos específicos que o Orkut possui. Duas funcionalidades bem distintas do Orkut em relacão aos demais sites assemelhados são o Scrapbook e o medidor de confianca/legal/sexy. Por outro lado, muito critica-se o Orkut por não oferecer um servico de blog para os seus usuaríos assim como a grande maioria dos outros sites o fazem.
Embora essas sejam caracterísiticas técnicas bem precisas, é interessante perceber como elas se encaixam nas nossas características culturais brasileiras.
Através do Scrapbook, por exemplo, é possível deixar e receber mensagens para e dos seus amigos e elas ficam totalmente públicas para que qualquer pessoa possa ler. Este conceito nunca seria atrativo numa cultura reservada e privada. Na nossa cultura entretanto, é totalmente normal que todos falem alto, para todo mundo ouvir e que bisbilhotem a vida um dos outros para fins, no mínimo, “esportivos”. Fato é que os scraps públicos acabam se encaixando perfeitamente nos desejos e anseios do brasileiro: bisbilhotar e ser bisbilhotado. Afinal, adoramos uma fofoquinha sempre atualizada.
Os medidores de confianca e sexy-appeal dos usuários é, juntamente com o contador de quantidade de amigos e com o número de fãs, uma marca de popularidade. Ser popular na nossa cultura é muito importante. Ter pessoas que te admirem e que achem você um galã de cinema altamente confiável também é fundamental. E mais: quanto mais gatinha e mais amigos/fãs você tiver, melhor. É um prazer para muitos usuários erguer perfis lotados para que todos vejam. Algo como um troféu da popularidade absoluta: “eu alcancei 1000 amigos e LOTEI meu Orkut”. Afinal, adoramos chamar de amigo qualquer pessoa que conhecemos casualmente.
Outros fenômenos também são muito interessantes. Não ser fã de alguém que te considera como ídolo é um absurdo crime social. É praticamente inaceitável na nossa cultura não ser retribuído em algo tão importante como “ser fã” de alguém. Muito menos ouse visitar a página de alguém deixando o monitoramento de acessos liberado (para que a pessoa saiba que você a visitou) sem deixar um scrap sequer. Para muitos na nossa cultura, isso é um crime punível com a perda da amizade (entenda-se eliminacão do Orkut). Afinal, temos a cultura do “se eu te ajudo, você me ajuda”.
O recurso do álbum de fotos é também de assustar. Pela limitacão do Orkut é preciso, em apenas 12 poses, representar quem você é graficamente. Minha vó que ficava mostrando slides e mais slides de algum passado remoto para os netos discordaria enormemente: é um trabalho impossível para pessoas normais. Mas os orkuteiros brasileiros conseguem. Com maestria diga-se de passagem. Acabam tendo pouco que mostrar também. Poses sensuais são as preferidas, seguidas por fotos de baladas ou da última viagem para algum lugar bonito. Na nossa cultura somos superficiais – gostamos mais da casca do que da gema. Beleza e festas impessoais são fundamentais: sinais de uma supercialidade promissora. Afinal, adoramos assistir novela porque elas são bem simplezinhas – ou superficiais.
Já a ausência de um sistema de blog no Orkut também é curiosa. Nós brasileiros escrevemos e lemos pouco. Quando o fazemos ou entendemos pouco do que lemos ou simplesmente escrevemos mal e errado. Um sistema de blog requer que pessoas escrevam, leiam e se entendam. Diferente do scrap (onde a entrada vem até você) no blog é preciso correr atrás da entrada (você, como proprietário do blog, precisa realizar qualquer entrada de informacões). Afinal, não gostamos de aprender muito – cansa.
Ajuntando essas cinco características culturais brasileiras fazemos do Orkut o sucesso local que ele é. Temos um espaco para fofocarmos, classificarmos todos de amigos, estimularmos favores vazios, sermos superciais e mantermos nosso status quo. Ferramenta cultural fantástica – nem o Sr. Büyükkökten sonhava em alcancar isso!
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