Na mesma situação encontram-se milhares de nigerianos desalojados por causa da violência religiosa. Para Helen James, uma adolescente de 15 anos, a morte do pai, da mãe, e de seus cinco irmãos, há três anos, em Tafawa Balewa, no norte da Nigéria, marcou o início do seu sofrimento. Hoje ela está num campo de refugiados no vilarejo de Gyangyang, no Estado central de Plateau, sem futuro e com pouca esperança.
Cheguei aqui depois que toda a minha família foi morta na nossa cidade. Na época eu escapei por pouco daquele terrível assassinato. Nossa casa foi incendiada e agora eu não tenho para onde ir, disse Helen para a equipe de Portas Abertas.
Helen faz parte de um grupo de 10.000 cristãos refugiados que foram forçados a sair de suas cidades e vilarejos de origem como resultado de conflitos religiosos que envolvram muçulmanos e cristãos nas áreas de Tafawa Balewa e Bogoro em junho de 2001.
Os que foram desalojados durante os conflitos religiosos daquele ano ainda sofrem nos campos de refugiados diariamente pela doença, fome e pobreza.
De acordo com os próprios refugiados, eles permanecem nos campos porque têm receio de retornar aos seus vilarejos com medo de serem atacados por militantes muçulmanos.
Para onde eu vou? Onde vou ficar se voltar para meu vilarejo? perguntou o refugiado Peter Bulus. Eles juraram nos eliminar. Não porque tivéssemos feito alguma coisa para merecer este tipo de tratamento, mas porque nos recusamos a aceitar o islamismo.
Como pode o governo forçar a sharia (lei islâmica) ao nosso povo e esperar que a aceitemos? Não! Não aceitamos isso, acrescentou Peter. Ele criticou a atitude indiferente das autoridades governamentais em relação aos desalojados, dizendo que não foi feito nada para aliviar o sofrimento deles.
Em junho de 2001, o governo do Estado de Bauchi, no norte da Nigéria, estabeleceu um tribunal islâmico na cidade de Tafawa Balewa, e colocou dois juízes para aplicar a lei da sharia entre a comunidade cristã. Os cristãos de lá e da área governamental vizinha se opuseram, dizendo que aquilo era uma tentativa do governo de impor o islamismo sobre eles.
Apesar da oposição, o governo insistiu na implementação do código legal islâmico, dando início aos conflitos entre muçulmanos e cristãos nas duas cidades. A violência resultou na morte de cerca de 200 pessoas em apenas um dia e no desalojamento de mais de 10.000 cristãos.
Não vamos aceitar a sharia aqui. O governo impôs a lei islâmica sobre nós, mas nunca vamos aceitar isto na nossa comunidade porque somos cristãos, disse o Rev. Ishaku Komo, presidente do conselho regional da Igreja de Cristo na Nigéria.
Para que haja paz na região, Ishaku enfatiza que a lei islâmica deve ser posta completamente de lado.
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