ONU quer que Igreja pare de se manifestar contra o aborto
Declaração acirra o debate sobre qual direito é mais importante: de expressão ou de religião
O Centro de Direitos Reprodutivos (CRR na sigla original em inglês) é uma das principais organizações lobistas na ONU em questões referentes ao aborto. Já ficou provado no passado que eles possuem influência nas decisões do Comitê de Direitos Humanos da Organização. A atividade da rede comandada pela CRR conseguiu alterar decisões de políticas públicas nos Estados Unidos, na América Latina e em parte do continente Europeu e da África.
Sabe-se que por trás da CRR estão conhecidos financiadores internacionais que sustentam as cerca de duzentas ONGs que trabalham pela promoção do aborto, incluindo as que atuam no Brasil. Entre os patrocinadores da CRR estão as conhecidas Fundação MacArthur, Packard Foundation, Ford Foundation, Grove Foundation, John Merck Fund.
A mais nova investida da CRR inclui um ataque frontal à Igreja. No último mês, ela pediu ao Comitê contra a Tortura das Nações Unidas para impedir que grupos cristãos se posicionem oficialmente contra o aborto, relata o site católico CNS News.
A alegação do Centro é que “a liberdade de expressão e de religião” não dá a igreja o direito de ir contra o aborto. Especialmente quando é uma iniciativa do Vaticano. “Urge que a Santa Sé se abstenha de interferir negativamente de maneira pública ou privada sobre as mulheres ou as decisões dos legisladores no tocante ao acesso ao aborto. A ONU deve apoiar os Estados que procuram alinhar as suas políticas tocante aos direitos reprodutivos das mulheres com as suas obrigações seguindo as convenções internacionais”, disse o documento.
No início deste ano, o Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança emitiu um relatório pedindo que a Igreja Católica mude seu ensino sobre o aborto. ” O Comité solicita que a Santa Sé reveja sua posição sobre o aborto, o que coloca riscos óbvios à vida e à saúde de meninas grávidas, e altere o Direito Canônico, nos artigo relativo ao aborto com vista a identificar as circunstâncias em que o acesso a serviços de aborto possa ser permitido”.
Oficialmente, o Vaticano não se manifestou. Mesmo assim, Maureen Ferguson, conselheira sênior de políticas da Associação Católica, grupo de leigos católicos que defendem a igreja e seus ensinamentos, declarou: “A ONU , é claro, não tem jurisdição alguma para fazer isso. A ironia é simplesmente inacreditável… em nome dos direitos da criança, seguindo a Convenção sobre os Direitos da Criança, a ONU está dizendo à Igreja que temos de mudar nossa posição sobre a proteção das crianças não nascidas”.
Além disso, “estamos estudando os termos desta Comissão sobre a tortura”, disse ela. “O que poderia ser mais torturante para uma criança do que o desmembramento literal de um ser humano vivo que é o aborto?”.
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