Os cristãos no Irã que fazem parte das redes de igrejas domésticas e que se reúnem secretamente em pequenos grupos são rotineiramente detidos para interrogatório. As autoridades iranianas enxergam o cristianismo como um movimento subversivo antigoverno e os cristãos como espiões para o ocidente
Em ações concentradas numa região específica, as autoridades iranianas prenderam cristãos que moram na terceira maior cidade do país, o que está sendo visto como uma tática para desestimular os muçulmanos e convertidos ao cristianismo a frequentarem igrejas oficiais.
Desde fevereiro, agentes da polícia já prenderam 12 convertidos em Isfahan, cidade a 340 quilômetros de Teerã. As autoridades detiveram líderes e membros de igrejas que se reúnem em templos assim como alguns de igrejas subterrâneas, de acordo com a agência de notícias cristã MohabatNews.
Os ataques a alvos determinados começaram em 22 de fevereiro, quando oficiais da inteligência iraniana prenderam cerca de sete cristãos em suas casas. Os agentes invadiram as residências e confiscaram diversos bens particulares como Bíblias, computadores e documentos, e até quadros que decoravam as paredes.
A agência de notícias iraniana identificou os detidos em 22 de fevereiro como sendo Hekmat Salimi, pastor da Igreja Anglicana São Paulo, convertido de 30 anos de idade e autor de livros teológicos; Giti Hakimpour, de 78 anos, pastora da Igreja Anglicana São Lucas; o ator Shahram Ghaedi; Maryam Del-Aram, de 54 anos; Shahnaz Zarifi, mãe de dois filhos; e Enayat Jafari. Outro cristão, Majid Enayat, foi preso no mesmo dia em seu local de trabalho. Ele é membro de uma igreja doméstica, e a agência Mohabat relatou que, antes de sua prisão, a polícia havia detido outros integrantes de sua congregação. Alguns destes cristãos já o haviam alertado que a polícia planejava prendê-lo.
Destas prisões, a pastora Hakimpour foi liberada em 25 de fevereiro. A polícia iraniana negou medicamentos à senhora Del-Aram que estava sob cuidados médicos. Quando a filha dela tentou entregar-lhe os remédios na prisão, as autoridades se negaram a recebê-los. Prosseguindo na repressão aos cristãos, os agentes prenderam outro convertido, Fariborz Parsi-Nejad, em 2 de março, também em Isfahan.
As autoridades afirmaram ter detido ainda outros cristãos em Isfahan, mas fontes confiáveis não confirmaram a notícia. Nenhum dos presos mencionados havia sido oficialmente notificado de qualquer acusação.
Embora os órgãos que monitoram a liberdade religiosa no Irã afirmem não estar claro o motivo das autoridades do país concentrarem seu alvo nos cristãos de Isfahan, um cristão iraniano que mora fora do país revelou que isto pode ser uma tática para impedir os convertidos a frequentarem os cultos em idioma farsi (persa) nos templos das igrejas oficiais.
“Eu já obtive 12 nomes de cristãos detidos pela polícia em Isfahan”, disse este cristão iraniano. “Isfahan é uma cidade muito islâmica. Existem dois ou três templos cristãos por lá. O governo tem muita preocupação com Isfahan, que é a única cidade além de Teerã a ter igrejas cristãs oficiais. O governo deve estar concentrando a perseguição nos templos para amedrontar as pessoas.”
Há também igrejas em outras cidades do Irã que são frequentados por cristãos de etnia armênia. Os cultos acontecem em idioma armênio e os membros têm relativamente mais liberdade para se reunir.
No início de fevereiro, as autoridades em Teerã deram ordem aos pastores das igrejas Emmanuel e Evangélica de São Pedro para interromperem seus cultos no idioma farsi. Estas eram as duas últimas igrejas oficiais a oferecerem cultos em farsi às sextas-feiras.
Em 12 de fevereiro, Noorallah Qabitizade foi transferido para o presídio Dastgerd em Isfahan. Ele havia sido preso em Dezful, em dezembro de 2010, e esta foi a terceira vez que as autoridades o transferiram de prisão por estar proclamando o evangelho no cárcere. O mais provável é que ele receba um tratamento mais duro no presídio de Isfahan.
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