Nesse tempo de ministério, já presenciei muitas tragédias. Há alguns anos, milhares de cristãos foram expulsos de uma pequena cidade por extremistas islâmicos. Quando chegamos naquele lugar, percebemos a destruição que acontecera.
Numa única noite, os muçulmanos passaram na cidade e incendiaram todas as propriedades dos cristãos. Destruíram suas casas, bicicleta, plantações, caminhões, igreja, hospital, o prédio do Exército da Salvação, tudo! Quinze mil cristãos perderam tudo. Dá para imaginar? Que reação eles deveriam ter diante dessa crueldade? Como podemos ousar pregar a cruz diante daquilo? Que reação nós teríamos no lugar deles? É nossa natureza querer pagar o mal com o mal, mas Jesus nos ensina algo diferente.
Por isso, quando chegamos à cidade, convocamos uma reunião com as pessoas numa tenda grande. Os cristãos vieram, mas também os muçulmanos, a polícia, os soldados e dois funcionários do governo.
Eu fui o pregador. Abri meu Novo Testamento e comecei a ler Mateus 5.1-12. Virei a página e li mais um versículo: “Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas” (Mt 6.14-15).
Estava diante de uma cidade que foi toda queimada em uma noite e li isso para eles. Fiz isso porque perdão é a solução. Mas será que a Bíblia para por aí? Não! A Palavra de Deus segue muito além.
Então eu disse a todos eles: “Jesus foi crucificado para levar o pecado de todos, não importa a que religião você pertença. Pregá-lo naquela cruz foi uma coisa terrível que os inimigos de Cristo fizeram a ele. Em Lucas 23.34a Jesus disse: ‘Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo’. Imagine aquela multidão irada, o povo queria destruir Jesus. Aqui também existe uma multidão irada que quer destruir os cristãos, que mata os pastores e queimam as igrejas. Nenhuma das duas multidões enraivecidas pediu perdão, porém, quando olhamos para a cruz, vemos Jesus dizendo: ‘Pai, perdoa-lhes’.”
Naquele momento, apresentei um argumento importante. Claro que os muçulmanos não estavam pedindo perdão, só queriam se livrar das igrejas, mas eu estava ensinando aos cristãos que devemos perdoar. Porque a vida segue e amanhã será outro dia; se não conseguirmos perdoar, a amargura se apoderará do nosso coração. Por isso terminei dizendo: “Nós cristãos perdoamos vocês pelo que aconteceu aqui, porque é o que Jesus nos ensinou na cruz.” Foi uma oportunidade de apresentar a cruz aos muçulmanos.
Depois da reunião, o ministro da justiça veio até meu intérprete e disse: “Eu queria uma cópia desse sermão! Nunca ouvi nada assim na minha vida!” E sendo um juiz, ele sabia bem o que era perdoar ofensores. Ele nunca tinha ouvido que podemos perdoar alguém que não pediu perdão.
Mas podemos, porque temos que dar um passo muito mais adiante do que qualquer outro grupo nesse mundo. Este é o caminho da cruz de Jesus. É assim que devemos ser reconhecidos no mundo. Temos que amar e perdoar; é dessa maneira que conseguiremos ganhar o mundo muçulmano para Cristo.
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