Se vires em alguma província opressão de pobres, e a perversão violenta do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso. Pois quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos ainda sobre eles.(Eclesiastes 5.8)
O voto é obrigatório no Brasil, mas o exercício da cidadania e do dever cívico do cristão não se limita ao dia da eleição. Por isso, lá no fundo dos nossos corações, não conseguimos sentir paz com o processo político se não estivermos em dia com mais esta atribuição.
É comum em períodos de eleição sentirmos o peso desta responsabilidade, como se no ato de votar, interferíssemos isoladamente, para o bem ou para o mal, no destino da Nação. A sensação é legítima, mas não deve ser limitada à escolha de um candidato para qualquer que seja o cargo.
Como cristãos, devemos sim, interferir no rumo da Nação e lutar pelo bem estar do povo. Mas essa postura não é individual. É coletiva.
Como Igreja, como membros do Corpo de Cristo, sabemos que não pertencemos ao mundo, mas temos a obrigação de assumir uma posição combativa contra todas as artimanhas do inimigo, em ação e oração, nas mais altas instâncias de poder.
Felizmente não temos no Brasil um partido político disposto a aprovar leis de restrição religiosa. Não somos obrigados a distribuir Bíblias de forma clandestina. E as mães cristãs não correm o risco de perder a guarda dos filhos como ocorre em muitos países do Oriente Médio.
Vivemos num país privilegiado, repleto de recursos naturais, com um contingente estimado pelo IBGE em 40 milhões de evangélicos. Nossa Constituição resguarda o Estado laico e a liberdade de culto. Situação bem diferente de outros países onde neste exato momento há cristãos sendo torturados e mortos em nome da fé.
Temos inúmeros desafios
Apesar de todos estes privilégios, temos falhado em constituir e capacitar nosso Exército. Temos falhado na preparação de representantes políticos, temos falhado no ensino da cidadania e na mobilização política em favor de conquistas sociais básicas. Temos falhado no amor ao próximo.
Não há como afastar a política de nossas vidas. O que é decidido pela maioria dos políticos influencia a vida de todos nós e pode mudar a sorte de inúmeras outras vidas.
O reflexo das decisões tomadas pelos governantes também atinge nosso esforço na propagação do evangelho. E nesse sentido, temos inúmeros desafios. Muitas vezes temos no Brasil igrejas e Bíblias suficientes para o contingente de pessoas dispostas a aprender a Palavra. Só que poucos conseguem de fato ler e compreender as Escrituras pela falta de escolaridade.
Será que nós, cristãos, estamos cumprindo com o papel de luz do mundo e sal da terra na esfera política? Participamos? Acompanhamos projetos de lei? Fiscalizamos o trabalho das autoridades? Denunciamos abusos? Ou temos nos conformado com a situação desastrosa dos serviços públicos oferecidos e com as decisões tomadas pelo Estado?
As campanhas políticas e os meios de comunicação vêm nos conduzindo, com relativo sucesso, a cometer o erro de julgar os candidatos. Não cabe a nós a tarefa de separar o joio do trigo nas urnas. Mas cabe a nós conquistarmos o espaço que nosso regime democrático abre para exercermos a cidadania e transformarmos essa Nação.
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