Augustus Nicodemus em seu recente livro “O Ateísmo Cristão e Outras Ameaças à Igreja” aborda a situação da Igreja brasileira, o neopentecostalismo e o “ateísmo cristão” referindo-se ao liberalismo teológico.
O livro é composto pelos artigos mais lidos e comentados do blog O Tempora, O Mores, blog do qual ele escreve juntamente com seus amigos Solano Portela e Mauro Meister.
O capítulo inicial sobre ateísmo cristão é inédito e foi composto especialmente para o livro.
Confira os trechos da entrevista.
O livro é composto só dos artigos do blog Tempora Mores ou existem coisas novas que os seus leitores ainda não tiveram acesso?
Nicodemus: A maioria dos capítulos é composta de artigos do blog O Tempora, O Mores, que divido com meus amigos Solano Portela e Mauro Meister. Estes artigos foram publicados nos últimos dois anos e estão entre os mais lidos e comentados dos meus posts neste blog. Mas, o capítulo inicial sobre ateísmo cristão é inédito, foi composto especialmente para o livro.
Qual o principal assunto abordado no livro?
O assunto geral é a situação da igreja evangélica brasileira, que descrevo como crítica por causa de várias forças que atuam em seu meio, como o neopentecostalismo, o liberalismo teológico e o que chamo de “ateísmo cristão” – a atitude intencional de líderes evangélicos de vivermos na prática como se o Deus que professamos aos domingos não existisse.
O Sr. diz no livro que não se envergonha do evangelho, mas das loucuras de alguns que se chamam evangélicos. é possível saber quantos tipos de evangélicos temos hoje?
O termo “evangélico” ficou tão amplo que não diz mais nada hoje. Ele se refere simplesmente aos cristãos brasileiros que não são católicos nem espíritas e que são identificados primariamente com as igrejas neopentecostais. Mas, para o observador atento, fica claro que existem evangélicos e evangélicos. Há os neopentecostais que se caracterizam pela teologia da prosperidade; há os tradicionais, que são aqueles pertencentes às denominações históricas como batistas, presbiterianos, anglicanos, luteranos e metodistas; há os pentecostais, ligados às Assembléias de Deus; há os desigrejados, que reclamam das igrejas organizadas e do Cristianismo institucionalizado, mas que acabam formando mais uma matiz do tecido evangélico no país; há os liberais, libertinos, neo-ortodoxos e do teísmo aberto – estes, nem sei direito se poderiam ser chamados de evangélicos. E há os reformados, que aderem firmemente às confissões das Reforma protestante e que estão espalhados entre os demais evangélicos.
Existem algumas pessoas abrindo mão de dizer que é evangélico e dizendo apenas ser Cristão, o Sr. se considera evangélico no termo comum da palavra?
Se usarmos a palavra evangélico em seu sentido original e primeiro, isto é, alguém fortemente comprometido com o Evangelho e que deseja pregá-lo ao mundo, sem dúvida, me considero evangélico.
O Sr. acredita que o principal problema hoje nas igrejas evangélicas são as heresias e não a alta de evangelismo ou coisa assim?
As duas coisas juntas. De um lado, temos os falsos ensinamentos entrando nas igrejas via púlpitos despreparados e não convertidos; por outro, temos a apatia, o desânimo e a frieza espiritual. O efeito combinado destas duas coisas é a morte do zelo evangelístico das igrejas. Não tem como evangelizar sem uma mensagem. O que vamos dizer ao mundo? As heresias atacam a mensagem, confundem a igreja e nos deixam sem ter o que falar ao mundo. Por isto é importante combater os falsos ensinamentos, defender a mensagem do Evangelho e proclamá-la ao mundo.
Em sua opinião as heresias na maior parte são frutos de uma ignorância (falta de preparo) de líderes, ou são propositais para o benefício do próprio do líder?
As duas coisas podem acontecer. Há líderes que são realmente convertidos e zelosos de Deus mas lhes falta, por vezes, entendimento melhor dos pontos da teologia cristã. Não se tratando da negação ou distorção das verdades fundamentais da Palavra, eu não chamaria estas falhas de heresias, mas de erros teológicos. Por outro lado, há os lobos disfarçados de ovelhas, que torcem as Escrituras para sua própria perdição, que pregam um outro Evangelho, pensando que a piedade é fonte de lucro. é preciso resistir a estes e corrigir aqueles.
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